Atualizado em 15 de janeiro de 2009 às 10:15
Essa foto, da fumaça causada pelo incêndio no quartel-general das Nações Unidas em Gaza, é simbólica da impotência da ONU.
Depois de matar 40 pessoas num "abrigo" da entidade, hoje Israel acertou a torre onde estavam jornalistas internacionais e um hospital onde estão internados 500 pacientes.
É lógico que, como sempre, agora virão ou os pedidos de desculpas ou alegações de que a culpa é do Hamas, que se esconde entre civis e usa crianças como escudos. E os apologistas de sempre vão se apresentar nos jornais para propagar a versão israelense de forma unilateral.
Em nome do "equilíbrio" da cobertura, verdades factuais serão apresentadas ao público ao lado de versões fantasiosas, da mesma forma que um recém-chegado de marte acreditaria, lendo certos "veículos de informação", que o poder de fogo do Hamas é equivalente ao do quarto maior exército do mundo, que dispõe do que há de mais sofisticado em armamentos.
Foi assim com o terror dos civis isralenses, comparado ao terror dos civis palestinos que vivem sob ocupação, muitos dos quais hoje moram em Gaza por terem sido expulsos de suas terras e propriedades.
Eu escrevi lá atrás: Israel venceria militarmente. E o Hamas, politicamente. E a Autoridade Palestina seria desmoralizada. Não no Ocidente, mas entre aqueles que ela pretende representar: os palestinos.
Nem os foguetes do Hamas, apresentados como motivo para a invasão, Israel conseguiu deter. E, ainda que não reconheça o grupo, alegando que não quer dar legitimidade a terroristas, o fato concreto é que o Hamas ganhou legitimidade entre os árabes e os muçulmanos moderados.
A Turquia, que há muito tempo tem relações amistosas com Israel, foi a maior baixa para o governo israelense no cenário internacional: condenou mais de uma vez a ofensiva. Israel também perdeu apoio na União Européia e na América Latina. E, a longo prazo, também nos Estados Unidos, onde depois de acusar a mídia de não dar voz à oposição à guerra em Israel um grupo de rabinos e cristãos progressistas comprou espaço no New York Times para publicar um anúncio pedindo um cessar-fogo em Gaza.
Depois de matar mil civis, o que exatamente a ofensiva de Israel conseguiu? Desmoralizar a ONU, com certeza. E demonstrar mais uma vez o patético comportamento dos governos árabes, que passaram os últimos dias se esfaqueando pelas costas. Como sempre, a depender deles os palestinos estão perdidos.
Ganharam, é lógico, os fundamentalistas. O ressentimento e o ódio estão lá, plantados em milhões de jovens árabes e muçulmanos que testemunharam a impotência de seus governantes e da ONU diante do massacre. Israel está rigorosamente tão "segura" quanto antes da ofensiva militar em Gaza.
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