Estevão da Conceição
Museu Afro Brasil
Aniversário da 10639/03
Educação para igualdade étnico-racial
Fontes para implementação da 10639/03
Miss minas terrestres
IDH de negros não aumenta no país
Pontos de Vista
Racismo, direitos humanos, ONU
Do site Memória Lélia Gonzalez
A democracia racial exige uma militância "Você tem que estar atento a esse processo global e atuar no interior dele para poder efetivamente desenvolver estratégias de luta.
... Só na prática é que se vai percebendo e construindo a identidade, porque o que está colocado em questão é justamente uma identidade a ser construída, reconstruída, desconstruída, num processo dialético realmente muito rico."
Gonzalez - entrevista à revista SEAF, republicada por UAPÊ REVISTA DE CULTURA N. 2 - Editora Uapê, mar. 2000.
Aplicação da Lei 10639/03A Lei 10.639
Parecer da Lei 10.639
Resolução 01/2004
Material didático
Literatura
Material para pronta utilização em sala-de-aula
Documentos - atualização de professores e professoras
Na dúvida em como aplicar a
Lei 10.639, entre em contato conosco leliagonzalez@leliagonzalez.org.br
A palavra de quem entende
Unidade na diversidade
"Samba também se aprende no colégio"
Clique e conheça o projeto pedagógico
Modelos a serem seguidos:
1 - a Prefeitura Municipal de Salvador-BA foi a primeira a implantar, em toda a rede escolar, a Lei 10.639 (em 2005), durante a gestao da Secretaria de Educação e Cultura Olívia Santana.
2 - no Rio de Janeiro, a escola que já fez seu Projeto Pedagógico com base na Lei 10.639 é o Colégio Estatual Professor Sousa da Silveira, em Quintino - em 2005. Carla Lopes é a Pedagoga responsável pela iniciativa e implementação.
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Retiramos de lá a biografia da Rainha Nzinga
RAINHA JINGA
Soberana de Angola: 1582 – 1663
Fernando Correia da Silva
Representação da rainha Nzinga
| QUANDO TUDO ACONTECEU... 1582: Nasce a futura Rainha Jinga. – 1617: Morre Ngola Kiluangi, pai de Jinga; Mbandi, o filho de Kiluangi, toma o poder, desterra Jinga e manda assassinar o filho desta. – 1621: Jinga tenta negociar a paz com os portugueses; é fundada a Companhia Holandesa das Índias Orientais..– 1624: No porto de Luanda os holandeses afundam seis navios portugueses; Ngola Mbandi morre envenenado, talvez por ordem de Jinga; – 1641: Os holandeses voltam a Luanda, capturando frota de vinte navios portugueses; a Rainha Jinga faz aliança com eles. – 1648: Vindo do Brasil chega a Luanda o novo governador Salvador Correia de Sá comandando forte esquadra que expulsa os holandeses de águas angolanas; ele tenta convencer Jinga a prestar vassalagem à coroa portuguesa, mas não o consegue. – 1663: Morte da Rainha Jinga.. |
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| Corre o ano de 1663. Junto à sua palhoça, uma preta velha, muito velha. Dizem-me que tem 81 anos porque nasceu cerca de 1582. Mas sempre altiva e parece que está à minha espera. Meto conversa. Em quimbundo pergunto-lhe: - Avó, tu falas português? E em português ela responde: - Rapaz, tu falas quimbundo? Largamo-nos a rir e começamos a conversar, ora em quimbundo, ora em português. Para que todos os meus patrícios bem me entendam, da primeira à última frase vou passar toda a conversa para português.
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- Avó, o teu nome completo é Nzinga Mbandi Ngola, não é? - Pois é! Mas como os portugueses não falam bem quimbundo, em vez de Nzinga dizem Jinga, e em vez de Ngola dizem Angola. - E Ngola ou Angola quer dizer rei ou rainha, não é? - Sim, rapaz, quer dizer rei ou rainha. E não sei por que é que o nome de Ngola ou Angola foi dado a estas terras que sempre foram chamadas de Ndongo e Matamba. - Não sabes tu mas sei eu. É porque esta região é a rainha entre as várias que os portugueses conquistaram na África ocidental. Percebes? - Estou a ver... - E mais, Avó: quando eu digo Rainha Jinga, todos sabem que é de ti que estou a falar. - Uf, estou mais descansada... |
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| Enquanto esgrimimos alfinetadas recordo o muito que sei a teu respeito. O teu pai, Ngola Kiluangi, rei do Ndongo, manteve a paz com os portugueses de Luanda. Porém falece cerca de 1617. Entre os africanos a sucessão é por linha materna. O teu irmão antecipa-se, desterra-te, manda assassinar o teu filho, toma o poder, passa a chamar-se Ngola Mbandi. |
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No século XVII os portugueses exportam
| Os portugueses interpretam assim o acordo de paz: jamais hostilizar a aristocracia africana para não afrontar aqueles que mandam. Porém a arraia-miúda preta continua e continuará a ser caçada, escravizada e exportada para o Brasil. Ngola Mbandi não mexe uma palha, deixa rolar o lusitano desacato. Acaba por morrer envenenado e estou em crer, ó Jinga, que foste tu a padroeira do envenenamento. Mais que não seja porque, logo a seguir à morte do teu irmão, tomas decididamente as rédeas do poder para lutar contra os portugueses. Abjuras o cristianismo e outra vez invocas os teus antigos orixás. |
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| Ultrapassas as sempre latentes rivalidades tribais e consegues armar, com vários povos vizinhos de Ndongo e Matamba, uma aliança contra a escravidão. São eles os dos territórios do Congo, do Kassanje, de Dembos e Kissama. Mas há sempre quem esteja disposto a trair a aliança, desde que possa fazer bons negócios com os portugueses. E entre os “bons negócios” está, obviamente, o tráfico de escravos... Em 1621 é fundada a Companhia Holandesa das Índias Orientais. E logo em 1624 uma esquadra holandesa queima e afunda seis navios portugueses no porto de Luanda. Aproveitas a súbita desorientação dos portugueses para libertares escravos, já concentrados em campos e à espera de embarque para o Brasil. Prometes-lhes a liberdade desde que integrem as tuas forças. Eles gritam abaixo a escravidão, abaixo a escravidão! e estão contigo. Em 1641 os holandeses voltam a Luanda, capturando frota de vinte navios portugueses. Tu, Jinga, fazes um pacto com eles e acabas por chefiar trezentos dos seus guerreiros e assim consegues controlar a maior parte do litoral e do interior do país, também as principais rotas de comércio. Em 1648 chega do Brasil, comandando poderosa esquadra, o novo governador Salvador Correia de Sá, o qual expulsa os holandeses das águas angolanas. Ele também tenta que tu prestes vassalagem à coroa portuguesa, mas não consegue, és um osso muito duro de roer... A guerra entre brancos e pretos continua durante cerca de quarenta anos; tu, Jinga, a comandares a guerrilha e o ataque aos fortes militares. As coisas só sossegam um pouco porque, no Brasil, os escravos reproduziram-se em cativeiro e por isso a mão de obra já é quase a suficiente para as necessidades dos senhores de engenho, senhores de escravos. Os portugueses chegam mesmo a libertar a tua irmã Cambu detida em Luanda durante dez anos. A propósito: no Brasil, perto de Recife, há um filho de angolanos, ZUMBI DOS PALMARES, que lidera a revolta contra os portugueses como tu a lideras em Angola. Ao sentires que chega a velhice, referes-te aos guerreiros jaga (teus primeiros aliados) e confessas ao missionário Antoine Gaete: - Agora estou velha, padre, e mereço indulgência. Quando eu era jovem, nunca ficava atrás de qualquer jaga na rapidez de andar e na habilidade da mão. Havia tempos em que não hesitava em fazer frente a 25 soldados brancos armados. É verdade, não sabia manejar fuzil mas, para desfechar golpes de espada, também são necessárias a coragem, a audácia e o juízo. Com 81 ou 82 anos faleces em 1663. O teu nome é reverenciado não só em Angola, mas também entre os negros do Brasil. Outros sites de biografias sobre a rainha Nzinga: Wikipédia DEC.UFCG Black History Pages |
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