"Do Passado Emergirão as Crianças do Futuro"
Wilhelm Reich
Wilhelm Reich
INTRODUÇÃO
Este trabalho de Pesquisa e Extensão - Museu das Crianças - pretende realizar projetos que levem a criança a aprender participando, criando e imaginando.
Inicialmente nos dedicaremos a trabalhar a História das Cidades e dos Sítios Históricos, na linha inglesa do “living history”, para em seguida desenvolver técnicas em que a forma criativa e alegre de ensinar seja aplicada a qualquer aprendizagem. O êxito deste projeto será medido pelos risos, o entusiasmo, o brilho dos olhos e as perguntas que nascerem das crianças.
POR QUE MUSEU DAS CRIANÇAS?
Nosso objetivo é levar cada projeto ao maior número possível de crianças. Como o esforço e os estudos necessários para efetivar tal empreendimento são tamanhos, buscamos encontrar uma fórmula, nos moldes do projeto do Museu das Crianças da Cidade de Lisboa, “para que a festa permanecesse, se recriasse dentro de si mesma, suprisse faltas que parecem inevitáveis nas escolas, e ensinasse os caminhos do sonho a uma geração inteira, e outras depois dessa”.
Foi assim que chegamos a idéia do Museu das Crianças. “As crianças são um campo fértil, e tudo o que deslumbra permanece e é semente”. Cada uma delas será, no decorrer da sua vida, responsável pelos frutos – mas, quanto mais se der à partida, maior será a capacidade da promessa. Porém, vamos começar o Museu de “pernas para o ar”. E isto porque os museus se fazem, normalmente, quando existe um conjunto de peças, e aqui ao contrário. Faz-se o museu porque há crianças.
O MUSEU
Deparamo-nos, neste ponto, com algo parecido com o que acontece com a escrita Árabe: escreveremos, este Museu, de lá para cá.
“As crianças serão, assim, o acervo deste museu antimuseu, e ao redor delas que irão mover-se e animar-se objetos, idéias, possibilidades”.
As coisas serão feitas de maneira que os objetos sejam criados constantemente pelas crianças que os irão explorar, de todos os avessos possíveis, como um brinquedo, e reinventando sempre a sua própria relação com as coisas, e a das coisas umas com as outras. Trata-se de uma experiência semelhante com aquela de ver a sala de aula de cima da mesa, como sugeria o professor do filme Sociedade dos Poetas Mortos.
A COMPOSIÇÃO DO MUSEU
Para se conseguir atingir esse objetivo, o museu deve compor-se de três partes principais.
1. Uma parte fixa que terá de ter a sua função histórica. As peças de um museu não são correntes nem habituais, porque essas são conhecidas e tomadas no quotidiano. As peças de um museu devem contar qualquer coisa de diferente – e esta parte do museu deverá situar, para as crianças que venham, como foram outras infâncias: “Naquele tempo...”.
Naquele tempo o mundo que rodeava as crianças era imensamente diferente, e o infantil passava-se todo por dentro, porque, por fora, as coisas eram adultas e dos adultos. E é por isso que esta parte do museu deverá ser feita de forma a que essas coisas se tornem imediatamente evidentes e surpreendentes para as crianças que ali chegam. Mas também de forma que essas mesmas perguntas sejam formuladas e respondidas pelas crianças. A disposição e o jogo à volta de cada peça são o que irá induzir cada criança visitante a uma atitude ativa.
2. Numa segunda parte deste museu irão decorrer exposições temporárias, que serão, na sua maioria, importações de exposições fascinantes que rodam nos museus das crianças de outros estados e países pelo mundo, que por ventura possam aportar na cidade, e se tornará acessível às crianças do lugar. Prevê-se ainda que seja possível realizar nesta parte do museu, por ter de ser fisicamente a mais flexível, réplicas de acontecimentos do mundo de gente grande, como, p. ex., uma feira de livro montada por crianças (com o apoio de monitores) e promovida por elas, e onde o livro do “dia” ou da “semana” seja tornado sedutor pelo trabalho de equipe de uma classe, de forma a cativar para ele o interesse das crianças que chegarem.
3. A terceira parte irá celebrar as artes! Como linguagem universal que são, afigura-se-nos, como aos Gregos, que são indispensáveis na educação da criança e no desenvolvimento da sensibilidade. Por isso, imaginamos um teatro, à escala infantil, mas completo, com bastidores, guarda-roupa, cenários, platéia, etc. Aqui as crianças irão criar personagens, meter-se dentro delas, representa-las, aplaudi-las ou criticá-las até perceberem como a língua que falam pode tornar-se um instrumento divertido, capaz de produzir efeitos do mesmo modo que as cores ou os sons, ou um pássaro a voar. E, através das palavras, contatar mundos novos e insuspeitados.
Aqui se será possível crianças ouvirem música tocada por crianças, e existir uma familiaridade leve com os sons e com os efeitos que eles permitem infinitamente. De tal modo que tudo que for criado, possa sair das moas de grupos de crianças, orientadas por mestres destas diferentes artes, até que as crianças compreendam que este museu é delas, e como elas está crescendo, e que para isso a sua contribuição é pedida e desejada.
Aqui se será possível crianças ouvirem música tocada por crianças, e existir uma familiaridade leve com os sons e com os efeitos que eles permitem infinitamente. De tal modo que tudo que for criado, possa sair das moas de grupos de crianças, orientadas por mestres destas diferentes artes, até que as crianças compreendam que este museu é delas, e como elas está crescendo, e que para isso a sua contribuição é pedida e desejada.
COMO REALIZAR
A partir do momento em que estas idéias-base se organizem, tornando-se lançamento para projetos concretos, nos dedicaremos a visitar e conhecer outras experiências de museus da criança no Brasil e no Mundo. O intercâmbio e o envolvimento de novos grupos de interessados criarão novas formas de colaboração. Recebendo propostas, pistas, histórias de percursos percorridos, e, em resumo, o apoio de que necessitam para por dos pés no caminho com garantias de êxito que todos os museus infantis têm nos seus lugares de origem.
É desnecessário nos prolongarmos na evidente necessidade de um equipamento social e cultural como este nos Sítios Históricos de nosso país. Em cidades carentes de ofertas de museus para adultos, é mais do que certa a falta de museus específicos para a clientela estudantil e infantil. Desse modo, pretendemos integrar as visitas ao museu ao calendário das escolas públicas, promovendo trabalhos de educação patrimonial de qualidade. Este trabalho está vinculado ao esforço mais amplo de garantir o exercício dos direitos culturais a todo cidadão brasileiro, como está inscrito na Constituição Federal de 1988.
Museus das Crianças pelo Mundo:
1. EUA, México, Canadá:
Uma lista dos principais museus, incluindo os infantis nos EUA
Manitoba (Winnipeg, Canadá)
Papelote (Cidade do México, México)
The Brooklyn Children’s Museum (New York) – (1899) – É o mais antigo museu das crianças existente no Mundo;
Children’s Museum of Oak Bridge (Tenessee);The Brooklyn Children’s Museum (New York) – (1899) – É o mais antigo museu das crianças existente no Mundo;
Exploratorium (S. Francisco);
Boston Children’s Museum (Boston, MA);
Staten Island Children’s Museum (NY);
Capitol Children’s Museum (Washington, DC);
Please Touch Museum for Children (Philadelphia);
Richmond Children’s Museum (Richimond, Virgínia);
The Cleveland Children’s Museum (Cleveland, Ohio)
2. Europa:
Portugal (Lisboa): Museu das Crianças
França: Le Musée en Herbe (Bois de Boulogne – Paris);
Reino Unido (Edimburgo): Museum of Childhood;
Reino Unido (Londres): Bethnal Green Museum of Childhood;
Reino Unido (Halifax): Eureka The Museum for Children;
Bélgica (Bruxelas): Musée des Enfants
3. América Latina:
Museu de los Niños (San José, Costa Rica)
Museo de los Niños (Caracas, Venezuela)
Museo de los Niños Abasto (Buenos Aires, Argentina)
Barrilete (Córdoba, Argentina)
Museo de los Niños (Bogotá, Colômbia)
Quipós (Bolívia)
Embora não chegue a ser um "Museu da Criança", há na Faculdade de Educação da USP o Museu da Educação e do Brinquedo (MEB) vinculado ao Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos (Labrimp).
Outras dicas de museus interessantes para as crianças, veja aqui e aqui, aqui e aqui
*Alexandre Fernandes Corrêa é professor adjunto em Antropologia no DEPSAN/UFMA e doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP.
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*Alexandre Fernandes Corrêa é professor adjunto em Antropologia no DEPSAN/UFMA e doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP.
3 comentários:
Gostaria de agradecer pela divulgação desse texto sobre Museu das Crianças. Um grande abraço, Alexandre Corrêa. alexcorrea@antropologia.com.br, alex@ufma.br
Convido você, Conceição Oliveira, e seus parceiros, visitarem o portal do CRISOL (Grupo de Pesquisas e Estudos Culturais), no endereço: www.crisol-gpec.com.br. Um grande abraço e felicidades!
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