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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Educação e consumo: as angústias que rondam os educadores

As angustias dos educadores
Maria Jose Speglich

Vivemos numa sociedade completamente invadida pela publicidade, pelo consumo e pelo seu impacto. Os pais tornam-se acríticos perante tamanho poder televisivo e comercial e rendem-se a esses apelos. Querem viver num pretenso "modernismo", mostrar-se atualizados e na moda. Esquecem-se que estão a promover a sua própria escravidão. Uma dupla escravidão, ao consumismo desenfreado e aos filhos enquanto consumidores em formação e sem restrições. Relegam o papel educativo enquanto pais e a sua ação como tal e, o pior, esperam que a escola responda e valorize esses consumismos difundidos, qual conteúdo programático.
Os valores? Mas, que valores? Os da Paz, respeito, cooperação, aceitação das diferenças, justiça, o tão falado amor… Sem duvida todos acenam positivamente a cabeça a tais preocupações, mas, não passa de folclore. Tudo é vazio de significado profundo. Os valores não passam de palavras bonitas e estereotipadas, palavras de ocasião.

A escola não tem que viver em ruptura com a sociedade consumista, mas, não pode conviver pacífica e passivamente com o que é contraditório á sua ação e aos seus objetivos. A escola enquanto primeiro espaço de vida em grupo, numa perspectiva, também, inclusiva e multicultural vai ser palco de confronto de opiniões, resolução de conflitos, consciência de perspectivas e valores diferentes que fomentarão atitudes de respeito pela diferença. Deve com coerência desenvolver educação. E, como diz Nietzsche, a "primeira tarefa da educação é ensinar a ver" mas gastamos horas na contemplação das imagens banais e grosseiras da televisão e de não gastarmos nenhum tempo comparável na contemplação dos assombros da natureza". O que é uma indicação em que ponto a que a nossa cegueira chegou. Uma cegueira completa ao belo e ao outro na sua individualidade.

Mas mais angustiante é quando procuramos estimular o olhar dos pais e deparamo-nos com uma cegueira insensata que é "comemorada" em dias comerciais estabelecidos, tais como os Dias do pai e da Mãe, da Criança. Dias que pretendem ver comemorados na escola, de forma homogênea, por TODAS as crianças, independentemente da composição da família ou grupo doméstico a que pertencem. E, para quê? Por quê? Não interessam as razões! É bonito ver a criançada levar um presente feito "em série", mesmo que seja para um pai que não têm, mesmo que a criança more num Internato ou com os avós. Essas, crê-se que são uma pequena minoria... Paciência!... O Dia Internacional da Família (declarado desde 1994 para 15 de Maio), não é publicitado na TV, logo não está na moda, embora seja algo a que todos pertencem. A família pode adotar várias formas, pois não existe um conceito único nem um consenso quanto á sua definição. Independentemente da cultura é, nela que as pessoas e em especial as crianças, recebem o afeto e o apoio físico e financeiro para sobreviverem.

Face a este panorama, como esperar que pais assim tão irrefletidos se preocupem com a Formação pessoal e social dos seus filhos, que a educação pré-escolar pretende iniciar? Eles até sabem os desenhos animados mais atuais e cantar as músicas da novela, mas o que não sabem é que a educação pré-escolar pretende iniciar um processo de desenvolvimento da criança com atitudes e valores que lhe permitam tornar-se um cidadão consciente, solidário, autônomo, livre e inserido em sociedade.

Como disse Rubem Alves: "Ver não é o bastante. O assombro das coisas vistas provoca o pensamento…" E a educação é também ensinar a pensar no que isso significa de questionamento e de sensibilidade.

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