Vivemos tempos impressionantes. Em março de 2008 vários comentaristas acreditavam que a libertação de Ingrid Betancourt (que vinha sendo negociada há muito tempo) estava arruinada devido as incursões de Uribe ao território equatoriano que deflagrou uma crise diplomática na América Latina.
Hoje ela é libertada em uma operação que, baseando-se nas primeiras notícias divulgadas, parece-nos uma cena montada dos estúdios de Hollywood.
Nas ruas de Bogotá e em muitos outras cidades colombianas o povo comemorou. No Brasil, até mesmo os poetas se emocionaram e deixam seus registros, como a poeta carioca, Eliana Mora, cujo poema é a epígrafe desta postagem.
Bem, comemoremos, nem sempre temos motivos tão nobres para festejar e a liberdade deve ser celebrada.
Depois, seria bom refletirmos sobre como ficará a política colombiana e suas relações com a América Latina: Ingrid abandonará a política ou será peça chave nas negociações para o desarmamento das Farcs? Como se relacionará com os demais presidentes que fazem oposição a Uribe, especialmente Chavez e Correa?
Na longa entrevista que assisti, logo após a sua chegada em Bogotá, ela agradeceu não apenas ao Exército Colombiano e a Uribe, mas a Chaves, aos dois últimos presidentes franceses (o ex-presidente Jacques Chirac e o atual Nicolas Sarkozy) e a Correia.
Como lidará com a milícia de extrema-direita que alimenta a violência interna na Colômbia? Havia rumores em relação à sua saúde, eles procedem? Acompanhemos.
Colômbia anuncia libertação de Ingrid Betancourt
Os nomes dos 15 reféns resgatados são:
Ingrid Betancourt
Keith Stansell
Thomas Howen
Mark Gonsalvez
Juan Carlos Bermeo
Raimundo Malagón
José Ricardo Marulanda
William Pérez
Erasmo Romero
José Miguel Arteaga
Armando Florez
Julio Buitrago
Armando Castellanos
Vianey Rodríguez
John Jairo Duran
Betancourt, de nacionalidade franco-colombiana, era prisioneira da guerrilha colombiana desde 2002, quando fazia campanha como candidata à Presidência do país.
Os três estadunidenses foram presos em fevereiro de 2003, quando realizavam uma missão aérea do chamado Plano Colômbia nas selvas de Caquetá, ao sul do país.
O ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, declarou que os quatro ex-prisioneiros estão em estado de saúde razoavelmente bom.
O resgate foi realizado em uma zona de floresta do departamento de Guaviare, no sudoeste da Colômbia, de acordo com Santos.
"Seguiremos trabalhando na libertação dos demais seqüestrados. Fazemos um chamado aos atuais líderes das Farc para que não matem, liberem os outros seqüestrados e não sacrifiquem seus homens", declarou o ministro, em coletiva na sede do Ministério da Defesa, em Bogotá.
"Esta é uma operação sem precedentes que será lembrada na história por sua audácia e e eficiência", disse Santos. "Quinze pessoas foram resgatadas sem que um tiro fosse disparado", afirmaram as autoridades colombianas. Ainda de acordo com as informações do governo da Colômbia, foi o serviço de inteligência que planejou a entrada de informantes nas Farc.
Os 15 reféns faziam parte de um grupo de 39 seqüestrados que seriam trocados por 500 rebeldes presos na Colômbia. "Como os seqüestrados estavam divididos em três grupos, era preciso reuni-los em um lugar só. Eles seriam levados ao sul do país pelo helicóptero de uma organização humanitária fictícia para, supostamente, ficarem sob as ordens de Alfonso Cano, o novo líder do grupo", disse o ministro.
Ao chegarem ao local, porém, o integrantes das Farc foram surpreendidos por helicópteros do Exército colombiano, que resgataram os 15 presos e os levaram a San José, para então serem transferidos a Tolemaida. O guerrilheiro Cesar e um outro comparsa foram presos pelos soldados colombianos.
Em nota, o governo ainda se mostrou disposto a negociar com os guerrilheiros, caso eles realmente "desejem a paz".
Informações Das agências internacionais
Em Bogotá (Colômbia)
************
"Eu acredito que é um sinal de paz para a Colômbia", afirma Betancourt após o resgate
Em Bogotá (Colômbia)
Após ser resgatada junto com um grupo de 14 reféns das Farc, Ingrid Betancourt deu um depoimento a uma rádio do Exército colombiano, reproduzido por diversas rádios locais. "Quero em primeiro lugar dar graças a Deus e aos soldados da Colômbia", disse, acrescentando que a operação militar foi "absolutamente impecável".
"Eu acredito que é um sinal de paz para a Colômbia, que nós podemos encontrar a paz", completou em sua primeira declaração pública após a libertação.
Depois de encontrar os familiares, Betancourt disse aos pés do avião que a trouxe a Bogotá que lutará pela liberdade dos outros seqüestrados. "Como o presidente Nicolas Sarkozy, vamos seguir lutando pela liberdade dos que continuam presos", afirmou. A ex-candidata à presidência acrescentou que se a liberdade não for alcançada pela negociação, deve haver "confiança nas forças militares".
Em seu depoimento à rádio, a ex-refém disse que os agentes infiltrados se disfarçaram tão bem dentro das Farc que usaram até camisetas com a imagem de Ernesto "Che" Guevara: "Eles falavam como guerrilheiros e se vestiam como tais", afirmou Ingrid.
Segundo ela, a operação começou ao amanhecer quando os integrantes das Farc informaram que os reféns seriam transportados para outro local. Para Ingrid, ninguém desconfiava que haveria o resgate e só tomaram consciência do fato quando estavam no ar e um dos supostos guerrilheiros gritou: "somos o Exército da Colômbia e vocês estão livres", conta.
Entrevista Luiz Felipe de Alencastro, professor da Universidade de Paris-Sorbonne, sobre a libertação de Ingrid Betancourt e mais 14 reféns pelas Farc, segundo informações do governo colombiano
Vídeo da AP- Onde general colombiano explica como se deu a libertação de 15 pessoas, entre elas a senadora Ingrid Betancourt e três estadunidenses.
*********
Atualizado em 05/07/2008
O OUTRO LADO DA HISTÓRIA Mário Augusto Jakobskind* | |
. | |
O episódio da libertação da franco-colombiana Ingrid Betancourt e mais 14 reféns das Farc, entre os quais três agentes policiais estadunidenses, vale algumas reflexões, que remetem inclusive à problemática da democratização da mídia. É que depois do anúncio da soltura dos seqüestrados, praticamente cem por cento dos veículos de comunicação repetiram a mesma retórica, com destaque para o “enfraquecimento” do Presidente Hugo Chávez. Ou seja, prevaleceu o esquema do pensamento único de uma só verdade, divulgada pelo governo colombiano. Mário Augusto Jakobskind é jornalista e escritor |
Nenhum comentário:
Postar um comentário