6 Billion Others é uma plataforma onde podemos assistir ao cruzamento de depoimentos coletados (até o momento) de 6000 entrevistas, realizadas em 65 países diferentes.
As entrevistas são feitas a partir de um questionário único, que busca conhecer as impressões dos depoentes sobre temas universais, independente da cultura onde estamos inseridos. Assim, os depoentes falam sobre família, alegria, divindade (noção do sagrado), natureza, sonhos, medos, lágrimas, risadas e outros. Veja, por exemplo, os depoimentos de velhos e jovens sobre sua família, atente para a resposta sobre o que aprenderam com seus pais: negros, latinos, punks, velhos e jovens , mulheres e homens respondem algo que eu e você poderíamos falar sobre nossos pais, sobre nossas relações familiares.
Os depoentes falam em suas línguas maternas/nacionais e dependendo da versão que você escolha para ouvi-los terá legenda em um dos idiomas para os quais já foram traduzidos (inglês, francês e italiano). Os organizadores aguardam voluntários para traduzir os depoimentos já coletados para outros idiomas. Segundo informações do site, brevemente ele estará aberto para inclusão de novos depoimentos através da própria internet.
Este é um aspecto da globalização que, em minha opinião, é profundamente positivo: de uma idéia simples como essa percebemos que somos, em essência, apenas humanos.
São as desigualdades estabelecidas pelas relações de poder que nos desumanizam. Quando em breves instantes podemos abrir mão delas como neste projeto onde todos respondem às mesmas perguntas e são igualmente ouvidos, conseguimos perceber nossas imensas semelhanças no sentir, nos afetos, enfim em nossa frágil e humana existência. Como perguntou e respondeu Eg, um geógrafo que é pura poesia:
COMO SITUAR ONDE ESTOU?
Onde estou entre latitudes e longitudes? Onde estou em regiões, microrregiões e lugares? Onde estou no mapa étnico-racial? Onde estou nas classes sociais? Onde estou em cidade local, centro, metrópole? Onde estou no olho daquele que me vê? Onde estou na imaginação de quem me ama? Onde estou em mim mesmo?
A cartografia compõe a rica pergunta geográfica: como me situar no mundo. O mundo, Seo Raimundo, têm bilhões de paralelas no fundo...
Essa unidade na diversidade em tempo real e de modo tão positivo só pode ocorrer nos dias atuais, como bem observou o blogueiro Niva:
O que acho legal de ver aqui é como depoimentos íntimos, tão distintos entre si, quando colocados lado a lado podem construir uma visão de como a humanidade se comporta sobre esses temas. E como esse tipo de cruzamento de visões só pode ser feito hoje, com as tecnologias de informação e técnicas de design que desenvolvemos e que permitem cruzar e recombinar grandes volumes de informação de várias formas diferentes, atingindo novas interpretações. O que estamos assistindo é a construção de uma consciência de humanidade, de uma maneira que não podia existir em outro tempos.
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