Na França, pessoas removem cartaz que pedia a liberdade de Ingrid Betancourt, política franco-colombiana que passou mais de seis anos seqüestrada pelas Farc, na Colômbia
Em Bordeaux, na França, pessoas penduram faixa escrita "Enfim livre!" sobre cartaz de Ingrid Betancourt
Ontem propus algumas questões para refletirmos sobre o papel político da franco-colombiana Ingrid Betancourt em relação ao processo de pacificação entre o poder institucional da Colômbia e a guerrilha promovida pelas Farcs, assim como sua postura diante das relações entre os governos latino-americanos, veja aqui.
São razoavelmente animadoras as notícias de hoje:
Ingrid Betancourt pede que Chávez e Correa restabeleçam laços com Uribe; Chávez parabeniza vizinho
Das agências internacionais
03/07/2008 - às 14h34
Após 6 anos em poder das Farcs ingrid Betancourt reencontra os filhos: Melanie e Lorenzo
A franco-colombiana Ingrid Betancourt, resgatada com outros 14 reféns das Farc em 02/07/2008, insistiu hoje para que os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Equador, Rafael Correa, restabeleçam vínculos com Bogotá em benefício de novas libertações unilaterais com as Farc. "A primeira coisa que devemos fazer é um apelo ao presidente Chávez e ao presidente Correa para que ajudem a restabelecer vínculos de amizade, de fraternidade e confiança com o presidente Uribe. Esta é uma etapa essencial para que possamos vislumbrar novas libertações unilaterais."
Ainda nesta quinta-feira, o presidente venezuelano Hugo Chávez felicitou seu colega colombiano Álvaro Uribe pelo resgate dos reféns e se colocou a sua disposição para ajudar na libertação de todos os seqüestrados e obter a paz no país vizinho.
Em declarações à imprensa durante o reencontro com os filhos que chegaram da França à capital colombiana nesta manhã, Betancourt convidou também outros dirigentes políticos latinoamericanos para que se envolvam em busca de uma solução para o conflito interno que vive o seu país.
"Temos também que convidar os novos atores regionais para que nos ajudem a fazer isso mudar. Penso na presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e outros chefes de Estado para que, com entendimento, nos ajudem a libertar os seqüestrados sem fortalecer a guerra na Colômbia", advertiu ela.
Betancourt apelou à influência que vários presidentes da América Latina teriam sobre os comandantes das Farc para que "nos ajudem para que as mudanças que precisamos que ocorram na Colômbia se dêem pelas vias democráticas, apelando ás Farc para que deixem os terrorismo e empreendam o caminho da negociação."
Ingrid Betancourt, seqüestrada em 23 de fevereiro de 2002, foi resgatada em 02/07/2008 junto com mais três americanos e onze militares e policiais colombianos em uma operação militar do governo de Álvaro Uribe.
O presidente venezuelano Hugo Chávez figurou até novembro passado como mediador de uma negociação de troca de reféns por rebeldes presos, mas o trabalho foi interrompido por Uribe, que acusou Chávez de se meter em assuntos de seu país. Este fato provocou uma tensão diplomática entre Bogotá e Caracas.
Os 15 reféns resgatados faziam parte de um grupo de 39 seqüestrados que as Farc propõem trocar por 500 guerrilheiros presos, incluindo três que estão presos nos Estados Unidos
França continuará apoiando luta pela libertação de reféns
O chanceler francês Bernard Kouchner agradeceu ao presidente Álvaro Uribe e ao povo colombiano e sua "luta pela libertação dos reféns em poder das Farc" e disse que Paris continuará apoiando os esforços para conseguir o retorno dos demais seqüestrados.
Kouchner viajou de París em um avião enviado pelo governo francês para levar os filhos da ex-senadora. "É um milagre. Um momento mágico ver Ingrid rodeada por sua família. Isso não nos impede, no entanto, de pensar em todos os outros que estão em poder das Farc e a formidável força da família Betancourt vai servir também para libertar os demais."
O chanceler francês também disse que dividia os agradecimentos "com todos os países da América Latina, com todos os presidentes", em uma alusão às tarefas cumpridas pelos mandatários da Venezuela, Hugo Chávez, e do Equador, Rafael Correa, que se propuseram a negociar com os rebeldes a libertação dos seqüestrados.
Após este resgate, as Farc mantêm em seu poder pelo menos mais 24 reféns, entre eles três políticos, que faziam parte deste grupo de reféns que as Farc pretendiam trocar pelos rebeldes presos. A principal guerrilha colombiana tem, além destes, pelo menos mais 750 seqüestrados por motivos econômicos, segundo uma estimativa do governo.
O Equador anunciou em 03/07/2008 que não retomará as relações diplomáticas com a Colômbia apesar do pedido feito pela ex-refém Ingrid Betancourt para que deixe de lado as divergências e ajude nas negociações para a libertação dos seqüestrados que permanecem em poder das Farc.
A chanceler María Isabel Salvador reiterou seu contentamento com o resgate da ex-candidata à Presidência colombiana, mas descartou que isso possa levar Quito a retomar as relações diplomáticas com Bogotá, rompidas desde março por causa de um bombardeio colombiano contra um acampamento rebelde no Equador.
"Não acho que seja preciso mudar nada (na frente diplomática) porque são coisas distintas. O que ocorreu no dia 1o de março foi uma violação da soberania equatoriana. Nesse sentido, não há por que mudar a situação, não vamos misturar as coisas", considerou Salvador em uma entrevista concedida à rede de TV Teleamazonas.
2 comentários:
É interessante ver como esta mulher virou moeda de troca política. Bastou sua liberdade para ressoarem os gritos de que Hugo Chávez foi derrotado. Que foi uma derrota pro governo capacho de Uribe, sem dúvida, mas utilizam o discurso para detonar a liderança chavista na América Latina. O temor é grande do governo imperialista estadunidense. Corrobora a isso o reativamento da Frota IV, que agora "vigia" os mares sul-americanos.
Porém, creio que este epi´sodio pode sair pela culatra de Uribe. Se Ingrid Bettancourt decidir se candidatar à presidência, todo seu esforço para se reeleger ao seu terceiro mandato irá, definitivamente, por água abaixo. E não é lá muito improvável não...
Oi Daniel, e o interessante como destaquei no post anterior que Ingrid foi bastante coerente, em sua entrevista de ontem ela agradeceu e reconheceu todos os esforços de Chaves, Correa e dos presidentes franceses nas negociações para a sua libertação. O que dá para ver é que ela não é e o cativeiro não a transformou em uma arrivista equivocada. Para mim é muito positiva a sua postura em busca de entendimento para resolver a conturbada questão paramilitar da Colômbia
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