Aqui mais um inimigo político desaparece no retoque:
Trata-se de Nikolai Yezhov que foi apagado da foto onde aparecia ao lado de Stalin, após o primeiro ter sido executado a mando do segundo em 1940. Ironicamente foi substituído pelas águas do canal Moscovo-Volga: Nicolai tinha sido o comissário responsável pelo transporte fluvial.
Na foto original de 1820, Lenin em frente ao Teatro Bolshoi em Moscovo discursa às tropas revolucuionárias. Trotsky, que no governo comunista era responsável pela área militar, acompanha-o em posição de destaque (de pé, junto ao palanque). Esta imagem tornou-se um símbolo da Rússia revolucionária, mas a sua utilização em muitas publicações de grande tiragem foi “filtrada” para extrair Trotsky desse símbolo.
Infelizmente a manipulação da memória e da história não está restrita aos tempos ditatoriais stalinistas, nos cinco anos de conflito após a invasão estadunidense em território iraquiano alguns jornais estadunidenses manipularam fotografias, no atual conflito que ocorre no Tibet, estudantes chineses denunciam manipulações de imagens: a Veja anda se superando na produção de imagens manipuladas e agora é a vez de IstoÉ:
8 DE ABRIL DE 2008 - 20h22
Para proteger Serra, 'IstoÉ' manipula foto de manifestação
Por Marcelo Netto Rodrigues e Renato Godoy de Toledo, no Brasil de Fato
Versão na IstoÉ (à esq.) omitiu o ''Fora Serra'' da foto original
Mais que isso, o resultado visual inverte o significado da imagem que traz uma placa de trânsito ''Pare'', como se quem devessem parar fossem os movimentos, e não as privatizações.
A adulteração de uma foto - passível de processo pelo detentor de seus direitos autorais, no caso a Folha de S.Paulo - é plenamente possível hoje em dia com o uso de um programa para tratamento de imagens, como o Photoshop por exemplo, mas é prática condenada no meio jornalístico. O fato escancara o poder de influência camuflada que os meios de comunicação de massa tem para atuar como o que vem sendo chamado de ''Partido da Mídia'' (PM).
A foto adulterada, de autoria do fotógrafo Cristiano Machado, ilustra a matéria '' O MST contra o desenvolvimento'' e mostra integrantes de movimentos sociais bloqueando a rodovia Arlindo Bétio, que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul e Paraná, em protesto contra a privatização da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), no dia 24 de março.
A legenda diz ''A exemplo do que ocorreu em São Paulo, em protesto contra a privatização da Cesp, os sem-terra prometem parar estradas em todo o país nos próximos dias''.
A reportagem assinada por Octávio Costa e Sérgio Pardellas criminaliza os movimentos sociais sustentando que ''os sem-terra ameaçam empresas e investimentos que geram empregos e qualidade de vida'', sem mencionar que a Aracruz Celulose, a Monsanto, a Cargill, a Bunge e a Vale - citadas pela matéria como exemplos de empresas prejudicadas - respondem a acusações de destruição do meio ambiente, desrespeito aos direitos de povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, e exploração de trabalhadores.
A matéria tenta desautorizar o MST como um ator político que vá além da luta pela reforma agrária. Diz que ''desde 2006, o MST lidera ataques à globalização, ao neoliberalismo e às privatizações - algo que nada tem a ver com a sua luta original''.
Nada é por acaso
A editora Três, que publica a revista IstoÉ, é controlada pelo acionista majoritário do banco Opportunity, Daniel Dantas. O banqueiro tem ligações com fundos de pensões, além de uma participação ativa no processo de privatizações de estatais sobretudo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 2007, Dantas superou a concorrência da Rede Record e comprou 51% das ações da editora Três, que estava à beira da falência.
O banqueiro tem uma trajetória de proximidade com outros partidos de direita como o DEM, sobretudo com o falecido político baiano Antonio Carlos Magalhães. Também foi sócio do publicitário tucano Nizan Guanaes. Por diversas vezes, foi alvo de investigações e respondeu a crimes como espionagem e formação de quadrilha. Quando estava à frente da Brasil Telecom, foi acusado de contratar a empresa Kroll para espionar a Telecom Itália.
Cavaco, Staline, Soares, Trotsky e Adobe Photoshop
As 15 fotos manipuladas mais famosas
publicado em 09/04/2008
atualizado em 10/04/2008
A Folha rafirmou hoje (10/04/2008) que a IstoÉ manipulou a fotografia
Revista "IstoÉ" faz adulteração em imagem comprada da Folha
DA REPORTAGEM LOCAL
A revista apagou digitalmente a expressão "Fora Serra", referência ao governador José Serra (PSDB-SP). A frase aparecia, na foto original, pichada numa placa de trânsito por integrantes do MST na rodovia Arlindo Bétio, que liga SP a MS e PR. Eles participavam de um ato contra a privatização da Cesp (Companhia Energética do Estado de São Paulo).
Em e-mail enviado ontem à Folhapress, agência de notícias do Grupo Folha, o editor-executivo da agência IstoÉ, César Itiberê, confirmou a adulteração e pediu desculpas. "Houve realmente manipulação por photoshop [programa de computador] da imagem dos sem-terra, com intenção absolutamente estética." Ele afirmou, por telefone, que "não houve nenhuma ordem [superior], nenhuma orientação política, nenhum dolo. Houve um mal-entendido".
O jornalista Mello tem outra hipótese para essa manipulação
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