O Paraguai é o país mais pobre da América Latina, cerca de 80% são pobres entre os quais cerca de 40% estão abaixo da linha da pobreza. A segunda maior população de brasileiros que vivem no exterior, vive no Paraguai, lá somos cerca de 400 mil brasileiros em um Estado que tem por volta de 6 milhões de pessoas. Boa parte dos 'brasilguaios' são proprietários de grandes extensões de terra e produtores de soja, cujas conseqüências ambientais para um território pequeno como é o do Paraguai são muito danosas. O governo Paraguaio também exporta energia para o Brasil a um preço bem abaixo do mercado, resultado de um tratado desvantajoso assinado durante o período da Ditadura militar, o novo presidente eleito quer rever esse tratado. Como será as nossas relações com os paraguaios? Como um governo de tendência esquerda governará um Estado que há 60 anos está sob o domínio do Colorado partido que se confundia com o próprio Estado.
Uma cobertura bastante completa sobre as prévias, a situação atual do Paraguai, as relações entre Brasil e Paraguai e o acordo desvantajoso de Itaipu para os paraguaios pode ser encontrada aqui.
Candidato, agora presidente eleito, Fernando Lugo, logo após a votação. Assunção, 20/04/2008
O jornalista Luiz Carlos Azenha esteve recentemente no Paraguai, produziu artigos, fotos e vídeos que valem a pena ser vistos.
Mas para esta postagem gostaria de destacar o artigo de opinião de Eduardo Guimarães do site cidadania.com
A eleição de Fernando Lugo como presidente do Paraguai deve ser comemorada. Terminou o penúltimo feudo da direita na América do Sul. Agora só falta pôr fim ao feudo reacionário colombiano. Contudo, os bons augúrios que advêm da eleição do ex-bispo católico, da chegada, pela primeira vez na história, da esquerda ao poder no Paraguai, ainda não constituem garantia de melhoras efetivas naquele que deve ser hoje o país sul-americano mais atrasado socialmente.
Postagem relacionada neste blog:
Fome mundial, soja, etano, latifúndios
Uma cobertura bastante completa sobre as prévias, a situação atual do Paraguai, as relações entre Brasil e Paraguai e o acordo desvantajoso de Itaipu para os paraguaios pode ser encontrada aqui.
Candidato, agora presidente eleito, Fernando Lugo, logo após a votação. Assunção, 20/04/2008
O jornalista Luiz Carlos Azenha esteve recentemente no Paraguai, produziu artigos, fotos e vídeos que valem a pena ser vistos.
Mas para esta postagem gostaria de destacar o artigo de opinião de Eduardo Guimarães do site cidadania.com
Para Lugo governar
Eduardo Guimarães- 20/04/2008A eleição de Fernando Lugo como presidente do Paraguai deve ser comemorada. Terminou o penúltimo feudo da direita na América do Sul. Agora só falta pôr fim ao feudo reacionário colombiano. Contudo, os bons augúrios que advêm da eleição do ex-bispo católico, da chegada, pela primeira vez na história, da esquerda ao poder no Paraguai, ainda não constituem garantia de melhoras efetivas naquele que deve ser hoje o país sul-americano mais atrasado socialmente.
Além de ter ficado em desvantagem na conquista de governos dos "departamentos" (estados), a aliança de partidos pela qual Lugo se elegeu ficou subrepresentada no congresso, seguindo a malfadada tradição política latino-americana de se eleger governantes sem se preocupar em dar a eles base política para governar, pois vota-se no político de um partido para o cargo majoritário e em seus adversários para cargos legislativos, achando que, assim, se irá "contrabalançar" o voto dado.
Essa mentalidade baseia-se na premissa equivocada de que não se deve dar "poder demais" ao experimento com um governante de esquerda. Aliás, trata-se de efeito colateral das campanhas terroristas que a direita fez nas eleições paraguaias, brasileiras, argentinas, venezuelanas, equatorianas, bolivianas...
A situação que abordo se agrava no Paraguai diante da organização muito menor da aliança política de Lugo frente à máquina do partido colorado, enraizado em cada canto do país há décadas. É uma mentalidade absolutamente equivocada, porque as regras democráticas de cada país é que devem servir para impedir eventuais excessos de um governante. Não há nenhuma lógica em eleger um governante enfraquecido, que terá dificuldade de implementar seus projetos.
Analisando a divisão de forças que deverá se estabelecer no congresso paraguaio através do site do jornalista Luiz Carlos Azenha (que foi o jornalista que fez, em minha opinião, a cobertura mais completa sobre a eleição no país vizinho), percebe-se que o governo Lugo deverá ter dificuldades para implementar seus projetos. Mas há uma saída.
Conhecendo a realidade paraguaia, penso que, para Lugo ter chance de implementar seu projeto, chancelado agora pela maioria do eleitorado que as regras eleitorais daquele país exigem para que um presidente seja eleito, terá que convocar uma assembléia nacional constituinte, como fizeram, por exemplo, os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).
Lugo representa uma enorme possibilidade para o continente americano moralizar um dos países que o integram e que, devido às oligarquias corruptas de direita que sempre o controlaram, é hoje a porta de entrada neste continente para drogas, armas, criminosos e até para terroristas. Para ele governar o Paraguai como precisa ser governado, porém, precisará de mais instrumentos do que sua mera eleição lhe deu.
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