Do blog Caldo de Tipos do meu amigo Paulo Vilmar trago um vídeo de uma antiga gravação de Chico Buarque de Tanto Mar, uma canção feita para homenagear o 25 de abril de 1974, a Revolução dos cravos em Portugal.
Tanto mar tem duas versões. A primeira foi proibida pelos órgãos de censura da ditadura militar no Brasil e a gravação foi editada apenas em Portugal, em 1975. Mas, Chico com seu talento fez nova versão (a que conhecemos), mantendo seu olhar crítico e de denúncia à censura, conseguindo a aprovação da letra em 1978.
Depois de ver a belíssima gravação, observe as duas versões da letra da canção reproduzidas abaixo:
Depois de ver a belíssima gravação, observe as duas versões da letra da canção reproduzidas abaixo:
A Letra da primeira versão de 1975 censurada:
TANTO MAR
Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente alguma flor
No teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera pá
Cá estou doente
Manda urgentemente algum cheirinho
De alecrim
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente alguma flor
No teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera pá
Cá estou doente
Manda urgentemente algum cheirinho
De alecrim
25 de Abril de 1974, Largo do Carmo - Lisboa
Rendição de Marcelo Caetano
Rendição de Marcelo Caetano
A versão de 1978 que foi liberada pela censura:
TANTO MAR
Fiquei contente
Ainda guardo renitente um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim
Ainda guardo renitente um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim
Manifestação do 25 de abril de 1974, Lisboa, Portugal
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2 comentários:
Esta segunda versão é de 78. Já se refere à Revolução Portuguesa de 74 como a tendo "murchado". Interessante observar as diferenças na letra entre as duas versões. Chico tinha consciência que a contra-revolução ganhara.
De fato Galdea, acho que por ter esta sensibilidade Chico é quem é, em minha humilde opinião o melhor compositor em língua portuguesa.
abraços
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