"Grupos de ódio" se multiplicam nos Estados Unidos
Corine Lesnes Correspondente em Washington
No momento em que os Estados Unidos se preparam para celebrar a memória de Martin Luther King; e por ocasião do 40º aniversário do seu assassinato, em dia 4 de abril de 1968, em Memphis (Tennessee), o Southern Poverty Law Center (SPLC) publicou uma pesquisa que aponta um crescimento de 48%, desde 2000, do número de grupos que incitam ao ódio racial.
Fundado em 1971 pelo jurista Morris Dees para defender na justiça os militantes dos direitos civis, o SPLC publica anualmente um relatório, que se tornou referência, a respeito dos grupos extremistas americanos. Para 2007, ele recenseou 888 grupos. Aos tradicionais neonazistas, vieram se acrescentar os movimentos anti-latino-americanos, com os quais a sociedade terá de lidar daqui para frente.
Segundo o SPLC, o aumento dos militantes extremistas se deve ao surgimento de novos grupos anti-imigrantes. As agressões racistas contra os latino-americanos aumentaram em 35% entre 2003 e 2006. O movimento denuncia as atitudes de alguns homens políticos e de certos veículos de comunicação que criaram fama e ganham dinheiro denunciando os custos que os clandestinos acarretam para o sistema de saúde e de educação.
Entre os exemplos citados pelo relatório está o Emigration Party of Nevada, segundo o qual "a América está sendo destruída no seu interior por uma versão moderna do exército de Gengis Khan". Em geral, os grupos radicais acreditam que existe um plano para fundir o Canadá, os Estados Unidos e o México num único país (este temor não é uma exclusividade dos marginais: as Assembléias de 18 Estados já votaram resoluções que se opõem de antemão a tal medida).
Entretanto, Mark Potok, o editor do relatório (Intelligence Report), se diz satisfeito por ver que a imigração deixou de ser considerada como uma questão politicamente propícia pelos republicanos, uma vez que estes escolheram como candidato John McCain, um homem que tem se mostrado antes moderado em relação ao assunto.
"Ao que tudo indica, os americanos, ao menos por enquanto, estão rejeitando a
demonização racista em proveito de uma discussão racional sobre a questão", avalia.
Além do mais, o relatório indica que o Ku Klux Klan, que se converteu à denúncia dos imigrantes, viu a sua importância diminuir em 2007, depois de cinco anos de crescimento (155 grupos locais contra 165 em 2006). Os autores do documento também expressam a sua preocupação com o aparecimento de um virulento grupo anti-homossexuais (Watchmen on The Walls), do qual eles apontam a origem eslava. Por fim, um novo grupo de Panteras Negras (sem nenhum vínculo com o movimento original) foi fundado e organizou uma cúpula do "poder negro" em outubro, em Atlanta.
Tradução: Jean-Yves de Neufville
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