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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Princípio da fase 5 da crise sistémica global: A deslocação geopolítica mundial

por GEAB [*]

Desde Fevereiro de 2006 o LEAP/E2020 estimara que a crise sistémica global desenrolar-se-ia de acordo com quatro grandes fases estruturantes, a saber: desencadeamento, aceleração, impacto e decantação. Este processo descreveu bem os acontecimentos até agora. Mas a partir deste momento a nossa equipe considera que a incapacidade dos dirigentes mundiais em captar o alcance da crise, caracterizada nomeadamente pela sua obstinação desde há mais de um ano em tratar as suas consequências ao invés de atacar radicalmente as suas causas, fará com que a crise sistémica global entre numa quinta fase a partir do 4º trimestre de 2009: a fase da deslocação geopolítica mundial.

De acordo com o LEAP/E2020, esta nova fase da crise será moldada por dois importantes fenómenos que organizam os acontecimentos em duas sequências paralelas, a saber:

A. Dois importantes fenómenos:
1. O desaparecimento do pedestal financeiro (dólares + dívidas) no conjunto do planeta
2. A fragmentação acelerada dos interesses dos principais actores do sistema global e dos grandes conjuntos mundiais

B. Duas sequências paralelas:
1. A decomposição rápida do conjunto do sistema internacional actual
2. A deslocação estratégica de grandes actores globais.

Havíamos esperado que a fase de decantação permitiria aos dirigentes do mundo inteiro extrair as consequências do afundamento do sistema que organiza o planeta desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Infelizmente, nesta etapa, já não é realmente permitido ser optimista quanto a isto [1] . Tanto nos Estados Unidos como na Europa, na China ou no Japão, os dirigentes persistem em actuar como se o sistema global em causa fosse vítima apenas de uma avaria passageira à qual bastaria acrescentar uma certa quantidade de carburantes (liquidezes) e outros ingredientes (baixa de taxas, compras de activos tóxicos, planos de relançamento das indústrias em quase falência,...) para fazer com que a máquina andasse outra vez. Ora, e este é exactamente o sentido da expressão "crise sistémica global" criada pelo LEAP/E2020 em Fevereiro de 2006, o sistema global doravante está inutilizado. É preciso reconstruir um novo ao invés de se obstinar em salvar o que já não pode mais ser salvo.

.

Não sendo a História particularmente paciente, esta quinta fase da crise irá portanto arrancar com este processo de reconstrução mas de maneira brutal, pela deslocação completa do sistema pré-existente. E as duas consequências paralelas, descritas neste GEAB Nº 32, que vão organizar os acontecimentos, prometem ser particularmente trágicas para vários grandes actores mundiais.

Segundo o LEAP/E2020, não resta senão uma pequena fresta para tentar evitar o pior, a saber, os próximos quatro meses, daqui até o Verão de 2009. Muito concretamente, a Cimeira do G20 de Abril de 2009 constitui a última oportunidade para reorientar de maneira construtiva as forças em acção, quer dizer, antes que a sequência cessão de pagamentos do Reino Unido, depois a dos Estados Unidos se ponha em marcha [2] . Sem isto, eles perderão todo o controle sobre os acontecimentos [3] e inclusive, para numerosos dentre eles, nos seus próprios países, enquanto o planeta entrará nesta fase de deslocação geopolítica tal como um "barco à deriva". À saída desta fase de deslocação geopolítica, o mundo arrisca-se a parecer-se mais com a Europa de 1913 do que com o planeta de 2007.

Assim, à força de tentar arcar sobre as suas costas o peso cada vez maior da crise em curso, a maior parte dos Estados afectados, inclusive os mais poderosos, não se deram conta de que estavam em vias de organizar o seu próprio esmagamento sob o peso da História, esquecendo que não eram senão construções humanas, que não sobreviviam senão porque o interesse da maioria ali se encontrava. Neste número 32 do GEAB, o LEAP/E2020 optou portanto por antecipar as consequências desta fase de deslocação geopolítica sobre os Estados Unidos e a UE.

Portanto este é o momento, tanto para as pessoas como para os actores sócio económicos, de se prepararem para enfrentar um período muito difícil que vai ver vastos sectores das nossas sociedades, tais como se as conhece agora, serem fortemente afectados [4] , até mesmo simplesmente desaparecerem provisoriamente ou em certos casos duradouramente. Assim, a ruptura do sistema monetário mundial no decorrer do Verão de 2009 vai não só implicar um afundamento do dólar dos EUA (e do valor de todos os activos denominados em USD), como vai também induzir por contágio psicológico uma perda de confiança generalizada nas moedas fiduciárias. É a tudo isto que se cingem as recomendações deste GEAB Nº 32.

Last but not least, doravante a nossa equipe considera que são as entidades políticas [5] mais monolíticas, as mais "imperiais", que serão mais gravemente abaladas no decurso desta quinta fase da crise. A deslocação geopolítica vai assim aplicar-se a Estados que vão experimentar uma verdadeira deslocação estratégica pondo em causa a sua integridade territorial e o conjunto das suas zonas de influência no mundo. Outros Estados, em consequência, serão projectados brutalmente para fora de situações protegidas para mergulharem em situações de caos regional.

15/Fevereiro/2009

Notas:

(1) Barack Obama, assim como Nicolas Sarkozy ou Gordon Brown, passam o tempo a invocar a dimensão histórica da crise a fim de melhor ocultar a sua incompreensão da sua natureza e tentar livrar-se previamente da responsabilidade pelo fracasso das suas políticas. Quanto aos outros, preferem persuadir-se que tudo isso será ajustado como um problema técnico um pouco mais grave que de costume. E todo este pequeno mundo continua a jogar conforme as regras que conhecem desde décadas, sem perceber que o jogo está em vias de desaparecer debaixo dos seus olhos.
(2) Ver precedentes no GEAB.
(3) De facto, é mesmo provável que o G20 terá dificuldades crescentes para muito simplesmente poder reunir-se, num fundo de "cada um por si".
(4) Fonte: New York Times, 14/02/2009
(5) E isto parece-nos igualmente verdadeiro para as empresas.

Outros comunicados do GEAB:
Crise 31, Crise 30, Crise 29, Crise 28, Crise 27, Crise 26, Crise 25, Crise 24, Crise 23, Crise 22, Crise 21, Crise 20, Crise 19, Crise 18, Crise 17, Agosto 2007, recessão, fevereiro 2007, janeiro 2007, Europa.

[*] Global Europe Anticipation Bulletin.
O original encontra-se em www.leap2020.eu
Este comunicado encontra-se em Resistir Info.
Este e o post anterior é dica da Tita Ferreira


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