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terça-feira, 23 de setembro de 2008

HISTÓRIA EM PROJETOS É VENCEDORA DO PRÊMIO JABUTI 2008!

É com muita alegria que informo que a coleção História em Projetos recebeu o segundo lugar na categoria Didático e Paradidático Ensino Fundamental e Médio no 50º ano do prestigiado Prêmio Jabuti.

Convido os amigos que estiverem em Sampa para a cerimônia de entrega do Prêmio Jabuti no dia 31 de outubro na Sala São Paulo.


Tomo a liberdade de publicar aqui uma crônica que escrevi quando ganhei o meu primeiro Jabuti em 2005:

A LENTA TRAVESSIA

Conceição Oliveira e Carla Miucci, autoras da Coleção História em Projetos na entrega do prêmio Jabuti 2005 pela coleção Paratodos- História Editora Scipione.


Dia de rodízio, dia de Cerimônia do Prêmio Jabuti, horário de pico em Sampa.

A parceira de trabalho, Carla Miucci, companheiríssima e lindíssima passa em casa. Aprumadas, cabelões escovados e a beca nos trinques montamos em seu corcel rumo ao Memorial.

Marina morena estava linda feita uma gueixa. Seu sorriso e coraçãozinho batendo forte era a síntese da felicidade. A somatória do traje escolhido para vestir seu frágil corpinho de criança tornou-se também a síntese da proposta pedagógica vencedora: a diversidade é bela e precisa ser cuidada, celebrada, respeitada.

A família também refez travessias que começaram com a matriarca, Dona Terezinha. Comigo no ventre ela atravessou o sertão nordestino rumo ao pólo industrial cubatense na década de 1960. Ontem, de lá subiram a serra: Dona Terezinha, cuja história merece ser contada e conhecida, bastante orgulhosa, porque sabe o quanto ela é responsável pelo meu percurso; minha irmã, Néia e a sobrinha Letícia, sua filhota, que na hora dos aplausos gritou com seus pulmõezinhos de dois anos: Tiaaaaaaaaaaaaaaa Conceiçãooooooooooooooooooo. Lá do palco eu ouvi e vibrei.

Da Baixada Santista também vieram Márcia Bueno, Daniel Alves e Edna, meus queridos amigos de colegial, cuja amizade persiste firme e forte. Éramos um time e tanto em 1979, 80, 81 e continuamos sendo.

Veio também o parceiro da cria, Marcelo Monteiro estava ao meu lado, com nossa filhota no colo, feliz, tentando tirar uma foto daquela lonjura e estimulando Letícia a gritar uhuuuuuuuu!

Vieram do outro lado da cidade parceiros da época da universidade, parceiros de luta pela condição da mulher, contra o racismo, por uma educação de qualidade e verdadeiramente inclusiva: Beth Sousa, esta vitória também é sua.

Luciana, minha ex-aluna de mais uma década, estava também lá. Eu acompanhei sua trajetória de superação de dores. Seu sorriso intenso refletia minha alegria.

Havia amigos da Litteratura, recentes e antigos que o mundo virtual me trouxe: Adail Sobral, generoso como sempre, encheu-me de carinho e conquistou, sem surpresas, a admiração de meus amigos (como é bom, nestes momentos, termos ao nosso lado pessoas deste naipe). Susanna Florissi com aquele sorriso largo e uma humildade de gente grande também chamou a atenção dos meus velhos amigos e genuinamente vibrou com a minha conquista.

Asta Vonzodas coordenadora do PD-Literatura, Osvaldo Pastorelli, Renata Saladino, Simone, linda, graciosa e doce menina, que conheci na 4P, marcaram presença e me encheram de alegria.

Fátima e Letícia Oliver, que trouxeram belas orquídeas e que, igualmente, partilham projetos. Letícia quer ser escritora e era uma das crianças mais empolgadas na oficina dos acrósticos da Vila, vai longe esta guria.

Era gente de muitos mundos, de muitas histórias de muitas trajetórias que me fizeram sentir que esta vida vale a pena ser vivida, assim: sem tirar nem pôr.

Desde que o meu nome apareceu na lista dos finalistas, foram muitas as homenagens antecipadas. Em tudo que era canto pude sentir uma energia boa: nos scrap do orkut, nos posts dos tópicos, nas listas literárias, no mail, no msn, no vinho sorvido na casa da Fátima, Olivier na garrafa de bom vinho entregue pela Lazinha Adorno, no abraço de amigos que partilharam comigo diferentes itinerários.

O prefeito da cidade de Cubatão, na sexta-feira anterior à entrega do prêmio, fez uma singela e bonita homenagem. Pareceu um homem bom aquele, não sei se bom político/administrador. Percebi que seu gabinete precisa de reformas, aparentemente ele busca equilibrar um orçamento que, embora rico, é eternamente confiscado pelos precatórios. Foi médico durante muitos anos na cidade e quando me homenageava, perguntou-me se eu não havia sido sua paciente. Respondi a ele que havia sido uma adolescente saudável, mas que minha mãe fora atendida por ele. O secretário da educação foi meu professor, emocionado ele me abraçou e deve ter sentido a mesma sensação que tenho quando vejo a trajetória de meus alunos. Também eles compartilharam comigo esta vitória.

Quando Alamir Correa, em primeiríssima mão, foi o portador da boa nova e eu avisei alguns queridos, a alegria genuína espalhou-se. A impressão que tenho é que de algum modo ela tornou o mundo realmente melhor, uma espécie de remédio de ânimo para muitos que batalham dia-a-dia e que já haviam perdido as esperanças. Foi mais ou menos isso que Nálu Nogueira me disse no dia que soube que eu havia ganho o Jabuti. E senti a mesma certeza na fala de muitos que me diziam que se sentiam estimulados como se a luta valesse a pena.
Lau Siqueira quase vem de João Pessoa para a entrega do prêmio, a correria da Secretaria da Cultura o impediu. Hoje cedo ele estava ainda vibrando. Circe Vidigal queria vir do Rio de Janeiro, Dojival Vieira (da Afropress) mandou-me um e-mail pesaroso: já arrumado para o evento teve de declinar, pois a febre de Dolores subiu. Hoje, ligou-me de novo emocionado e triste por ter perdido a cerimônia.

Faltando umas duas categorias para recebermos o Jabuti, minha querida editora levantou-se e veio me chamar. Antes da entrega eu tinha uma preocupação sobre quem subiria comigo no palco. Queria que fossem as pessoas realmente importantes nesta trajetória e meu desejo foi realizado. Susi e Aurélio (só faltou a Solange, outra editora querida, que abraçou a coleção desde o início) estavam lindos, orgulhosos. Susi nervosíssima ouvia de mim: “É nóis na fita, mano!”, Aurélio sorria com as minhas palhaçadas. Minha mãe olhava a altura dos degraus e o tamanho do meu salto. Foi engraçado: todos os meus amigos pareciam muito mais nervosos que eu.Mas, enfim, chegou o grande momento: ao ouvir o meu nome e de minha coleção não caí do salto, não tive frio na barriga, desci feliz as escadarias e, tranqüilamente, como se estivesse na passarela, subi os grandes degraus que davam acesso ao palco do auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, com a certeza de que deveria estar lá.

A platéia foi generosa, aderiu à empolgação dos meus amigos e o sr. Siciliano, um dos componentes da mesa, visivelmente se contagiou com a minha empolgação e da minha torcida organizada de amigos.

Eu vibrei com toda a emoção que me cabia: ergui o troféu, fiz festa, e já que os discursos eram restritos para não alongar em demasia a cerimônia, falei com todo o meu corpo sobre a minha felicidade naquele momento.

Cumprimentei um a um os participantes da mesa e foi assim, feito o Jabuti que simboliza este prêmio, que ao caminhar calma, sem pressa, suavemente pela madeira do palco, percebi que valeu a pena persistir em meus objetivos, mesmo quando tudo parecia enlouquecido, mesmo quando a intolerância gritou mais alto.

Com a “tartaruguinha” na mão completei o trajeto iniciado há décadas e soube que é preciso ser persistente no objetivo de educar respeitando e defendendo o direito às diferenças.

Conceição Oliveira, (PARATODOS- HISTÓRIA- ED. SCIPIONE), 3º lugar na Categoria Didático e Paradidático do Ensino Fundamental e Médio, Jabuti 2005.

Originalmente publicada em 25/09/2005 na Revista da Câmara Brasileira do Livro.



12 comentários:

Anônimo disse...

Frô,

Quando vi ontem que já tinha saído a lista de ganhadores, fui correndo ver se História em Projetos tinha sido contemplado...

Só fiquei meio tímida de comentar lá na comuna da Clio

Pois aqui está: Parabéns e muito, muito sucesso mesmo

abraços
neo

Ler o Mundo História disse...

Neo, querida, muitíssimo obrigada e que os deuses abençoem-nos e diga amém para o sucesso
beijos imensos

Clau disse...

Querida Frô
Acabo de ler a crônica e fico pensando com quanta emoção a escreveu! Agora, mais uma vez, o reconhecimento pelo trabalho maravilhoso que vc realiza veio com a premiação da Coleção História em Projetos, que tanto contribue para o nosso trabalho como professores!!!! Saiba que cada vez que fazemos uso desse riquíssimo material, feito por mãos de mulheres guerreiras e extremamente sensíveis, sentimos uma enorme segurança de que estamos disponibilizando para os nossos alunos o que há de melhor!!!!
Parabéns lindas companheiras, parabéns querida amiga Frô!

Unknown disse...

Frô!
Eu amo ver amigos brilhando e tendo os seus trabahos reconhecidos.
Saber que você ganhou mais um prêmio me deixou muito feliz.
Parabéns!
Felicidades e sucessos!
Abraços e sinta meu coração sorrindo para o seu.

Claudete Shinohara

Anônimo disse...

Vou reproduzir aqui um trecho de uma conversa que acabei de ter com a dona de dois jabutis:

Cris diz:
vc me faz chorar.
Con diz:
por quê?
Cris diz:
acabei de ler no blog o relato do seu primeiro jabuti. e aí eu vejo o quanto eu tenho de você na minha vida
Con diz:
ah! bonitinha
Cris diz:
pq vc realmente foi uma influência, uma referência importante
Con diz:
que bom ouvir isso. eu tenho um imenso orgulho de ter participado de sua formação
Cris diz:
se eu hoje eu grito o quão me importa o respeito às diferenças, tenho de dizer que isso foi semeado por vc. vc não tem de ter dúvida da sua importância. sua existência já é mais que justificada. vc tocou e transformou pessoas. obrigada pelo privilégio!
Con diz:
agora é vc que está me fazendo chorar
Cris diz:
é curioso pq, lendo o que vc escreveu, eu me vi. e então me dei conta do quanto carrego de vc em mim. faz tantos anos e convivemos tão pouco agora... mas vc fez parte da minha educação e se hoje eu tento, me esforço pra ser uma pessoa melhor, eu devo isso a vc tb.


Con, querida, vc é especial e sabe disso. Será pra sempre a minha professora de história favorita! Um beijo, Cris

é disse...

Cris e como eu disse, que orgulho eu tenho de ter feito parte de sua formação.
Beijos imensos
Ah! Professores, essa ex-aluna querida, hoje é editora da Revista Recreio!

Unknown disse...

Parabéns pelo prêmio. Fico feliz e me sinto representado enquanto professor.
Abraço.

é disse...

Querido Darlan é uma honra ser lida por professores como você
Um grande e afetuoso abraço e muito obrigada pelo carinho.
Abraços
Conceição Oliveira

é disse...

Oi Claudete que maravilha vê-la por aqui.
Obrigada minha querida, muito obrigada
beijos
Conceição

Unknown disse...

Querida Frô, tô muito orgulhosa de você!!!! Muito, muito mesmo!
Agora, a próxima etapa é ver esta coleção nas escolas e vamos trabalhar pra isto!!! Quero ver meu filho aprendendo nestas páginas!
Beijos!

TitaFerreira disse...

Oi Frô!!!

Sua história me emocionou.

Aos poucos vou lhe conhecendo e a cada dia aumenta minha admiração.

Que dia lindo! Que festa Linda!

Parabéns pela vitória, uma beijoca.

Tita

Ler o Mundo História disse...

Adriana e Tita como é bom ver amigas queridas por aqui.

Tita vou registrar cada minuto da nova festa e compartilhar com os amigos :)

Dri, sim é hora de fazer circular a coleção por aí, vamos nos mobilizar
beijos