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terça-feira, 3 de março de 2009

A escolinha do professor Kamel

Este artigo do jornalista Luiz Carlos Azenha, publicado no Vi o mundo dia 02/03/2009, juntamente com os transcritos neste blog faz o que todo bom jornalista que não abre mão da função social do jornalismo deve fazer: análise crítica dos fatos.

A tentativa da Folha de S. Paulo de reescrever a História não é um episódio isolado. A socióloga Maria Victoria Benevides, na entrevista que deu à jornalista Conceição Lemes, disse que tem ouvido aqui e ali tentativas de "reler" o regime militar como algo menos perverso do que de fato foi.

Na turma da "releitura" cabe muita gente. Há os que cometeram crimes e não querem pagar por eles. Há os que genuinamente acreditam que o regime militar foi benéfico. Há os que foram cúmplices e, portanto, precisam reinventar a História.

Mais de quatro décadas depois do golpe, os arquivos da ditadura ainda não foram escancarados. O Brasil é o único país da região que não acertou plenamente as contas com seu próprio passado. Enquanto isso, os oportunistas de plantão tentam rearranjar a História para apagar sua cumplicidade, tirando proveito para isso do poder que lhes foi conferido pela própria ditadura militar.

Sim, meus caros, o que têm em comum os donos dos meios de comunicação que apoiaram a implantação da ditadura militar? Todos cresceram com benesses obtidas a partir dessa prestação de serviço. O golpe de 64 privilegiou os grupos que o apoiaram ao mesmo tempo em que provocou a falência de empresários ligados ao regime constitucional de João Goulart. Essa ainda é uma história mal contada.

A da TV Globo é melhor conhecida. A da Folha de S. Paulo permanece obscura, embora a ajuda da família Frias à Operação Bandeirantes -- o "teste" da repressão financiado por empresários paulistas que precedeu a formalização do sistema de torturas do DOI-CODI -- começou a ser desvendada pela historiadora Beatriz Kushnir.

Clique aqui para ouvir uma entrevista com a Beatriz.

Na TV Globo, Ali Kamel participou do trabalho de "reescrever" a História da emissora, com o objetivo de apagar o passado. O livro oficial que conta a história do Jornal Nacional, por exemplo, sustenta que a TV Globo fez bom jornalismo na cobertura do comício das eleições diretas, em 1984, em São Paulo. Na maior cara de pau.

Ali Kamel escreveu um texto em O Globo sustentando sua tese.

Foi rebatido por Mário Sergio Conti, com esse artigo.

E foi desmentido pelo José Bonifácio de Oliveira, o Boni, ex-dirigente da Globo, em entrevista a Roberto D'Ávila que foi ao ar na TV Cultura.

A própria Folha de S. Paulo registrou o desmentido de Boni.

Curiosamente, a Folha parece inclinada a fazer o que condena na Globo.

A biografia de Octavio Frias de Oliveira passa quase batido pelas relações entre o empresário e o regime militar.

E o editor do jornal Meio&Mensagem, que trouxe de volta o assunto, foi sumariamente demitido.

Agora veio a "ditabranda".

Que já tinha um precedente: editorial assinado por Octavio Frias Filho, em 2004, dizendo que o regime, afinal, não foi tão mau assim.

No atual episódio, embora discordando da "ditabranda", um colunista da Folha de S. Paulo, espantosamente, escreveu que o jornal teve "se não me falha a memória, papel importante na luta contra o regime militar". Nada sobre a Folha da Tarde. Ou a Operação Bandeirantes. Ignorância, má fé ou puxa-saquismo?

O que me espanta é eles imaginarem que ninguém está prestando atenção. Ou que todo mundo é bobo.


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