Pela importância do Ato, das entidades apoiadoras e dos cidadãos presentes, replico aqui, minha singela homenagem ao Aton Fon, publicado originalmente no Maria Frô.
Depoimento do ex-preso político e torturado Aton Fon Filho, advogado, ativista dos Direitos Humanos
(Vídeo produzido por Andrea VG, documentarista que veio de Brasília especialmente para registrar o ato em repúdio à Folha de São Paulo. Ontem este vídeo esteve entre os 10 mais vistos do Youtube)
Cada vez que eu vejo este vídeo, eu me emociono. Fon é o exemplo mais puro que conheço do "Hay que endurecer, pero perder lá ternura JAMÁS!"
Barbaramente torturado, 11 anos de sua vida ceifados pelo cárcere e Fon prossegue, lutando por Justiça Social e pelos Direitos Humanos.
Fiquei muito feliz quando ele decidiu ir ao ato em Repúdio ao Editorial da Folha de São Paulo que afirmou no dia 17/02 que o Brasil não experenciou uma Ditadura, mas uma 'ditabranda'. Ele enfrentou a dor que manifestações como estas provocam nas pessoas violentadas pelas torturas, ele mais uma vez enfrentou as feridas profundas que carrega dentro de si, porque sabia que era importante estar ali.
Agradeço imensamente ao universo por ele ter resistido à barbárie deste período horripilante da história brasileira e que espero, com a força de todos nós, ao mantermos viva na memória a idéia de que não é possível aceitar um Estado torturador, algo semelhante jamais volte a se repetir em nosso país.
Agradeço, porque pude ainda bem jovem desfrutar da convivência com este ser de muita luz e luta. Quando o conheci em fins dos anos 80, início dos anos 90 e passávamos longas horas no Lago di Garda na Vila Madá, ele cultivava violetas, pregava botões e chegou a ter relógios até mesmo no banheiro: Menina já perdi muito tempo na vida, não posso mais perder um segundo sequer. Mas o tempo de Fon, não tem nada a ver com o tempo útil capitalista, é o tempo pela vida, na luta para que todos possam saborear a dignidade.
Acho que somos a somatória dos encontros com pessoas especiais como o Fon: lúcidas, generosas, conscientes, que vêem muito longe e carregam um sabedoria imensa sobre o viver genuinamente: a vida é preciosa e, acima de tudo, deve ser vivida com dignidade.
Obrigada, meu amigo, por você ter sobrevivido e continuar fiel aos princípios de defesa à vida, à liberdade, à dignidade, à Justiça social.
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