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domingo, 22 de junho de 2008

Luiz Gama : 178 anos do nascimento do precursor do abolicionismo no Brasil

No dia 21 de junho de 1830 nascia Luiz Gama, intelectual autodidata, cuja vida foi quase que integralmente dedicada à luta pela emancipação do povo negro


23 de junho de 2008


Copista, advogado, jornalista, poeta, abolicionista e revolucionário Luiz Gonzaga Pinto da Gama foi uma das personalidades brasileiras mais ativas de nossa história. Intelectual autodidata foi um fervoroso abolicionista e um efêmero poeta que ainda continua injustamente banido dos círculos acadêmicos reacionários.



Luiz Gama nasceu na capital baiana em 21 de junho de 1830. A mãe foi a negra livre revolucionária abolicionista, Luíza Mahin, que participou do levante dos escravos baianos, conhecido como Revolta dos Malês, em 1935, e também da Sabinada em 1937. O pai, fidalgo de família tradicional baiana, o vendeu a troco de uma dívida de jogo aos dez anos de idade, quando foi comprado em um leilão por Antônio Pereira Cardoso, segundo-tenente do exército imperial, e foi viver em um cativeiro em Lorena, interior de São Paulo. Em 1847, o hóspede do seu senhor, Antônio Rodrigues do Prado Júnior o alfabetizou. Aos dezoito anos fugiu do cativeiro e foi para São Paulo.

Autodidata


No mesmo ano se alistou na Força Pública da Província ou Corpo de Força da Linha de São Paulo, criada em 1820 e composta do Corpo de Pedestres e da Companhia de Caçadores que reuniam os praças da guarda policial que tinham como objetivo dar suporte para a Província de São Paulo evitando as rebeliões, muito freqüentes na época, que se dirigiam contra as Cortes Portuguesas.

À época ainda fazia trabalhos de copista para o escritório do escrivão major Benedito Antônio Coelho Neto e também como ordenança (soldado particular) do gabinete do Conselheiro Furtado de Mendonça, o contato com a biblioteca do escritório do Conselheiro despertou o interesse pela carreira jurídica no poeta.

Em 1850 casou-se com Claudina Sampaio e começou a freqüentar, como ouvinte, as aulas do Curso de Direito da Faculdade Largo São Francisco, mas foi estimulado pela indolência dos professores e colegas e abandonar o curso antes de concluí-lo.

Foi expulso da Força Pública, em 1856, por má conduta e rebeldia, pois não acatava as ordens de seus superiores, por isso ficou preso trinta e nove dias e depois foi trabalhar como amanuense da Secretaria de Polícia, onde era o responsável pela correspondência e por copiar e registrar documentos.

Em 1869 foi demitido do cargo por apresentar uma posição de defesa dos direitos dos escravos.

Imprensa progressista
Dispensado do serviço público Luiz Gama passou a se dedicar com maior afinco a colaborar com diversos jornais periódicos. Ele havia fundado em 1864 o jornal satírico “Diabo Coxo”, que tinha as ilustrações do italiano Ângelo Agostini, considerado um marco no segmento da imprensa humorística de São Paulo. Colaborou ainda com os jornais “Ipiranga”, “Coroaci”, ”O Polichinelo” e “Cabrião”. Seu maior feito no campo jornalístico foi a fundação, juntamente com o republicano Rui Barbosa, do jornal “Radical Paulistano”, em 1869.

De afiliação partidária republicana, Luiz Gama, que chegou a ser um dos fundadores do Partido Republicano Paulista na cidade de Itu, em 1873, defendia, em todos esses jornais, uma posição claramente a favor da causa dos escravos, dizendo
que a escravidão era um fator de degradação da sociedade e do ser humano,.tornando-se assim um importante precursor do movimento abolicionista no Brasil.

Advogado abolicionista

O que aprendeu no Largo São Francisco fez com que o autor trabalhasse como rábula do fórum de São Paulo, destacando-se na defesa de causas a favor dos negros escravizados. A sua defesa pelos escravos foi excepcional, através da sua condição de rábula tentava provar que os negros estavam sendo escravizados contra a lei, pois tinham entrado no Brasil após a proibição do tráfico negreiro, promulgada em 1850. Causou grande polêmica ao defender que o assassinato dos proprietários pelos escravos era um ato de legítima defesa.

Financiou alforrias condicionais e também ajudou os escravos que mesmo podendo pagar pela carta de alforria eram impedidos, por seus senhores, de se libertarem. Ajudou na libertação legal de mais de 500 escravos foragidos. Foi também líder da Mocidade Abolicionista e Republicana em 1880.

Revolucionário


Não foi apenas através de medidas legais, imprensa e judiciário, que Luiz Gama lutou pelos negros. Ele foi o inspirador de um dos movimentos revolucionários mais importantes do século XIX; a luta dos Caifazes, negros organizados por Antônio Bento que sublevaram-se contra o regime imperial obrigando-o a emancipar os negros. Os Caifazes foram seguidores diretos de Luiz Gama que fundou, a partir de 1880, sociedades secretas que auxiliavam os negros a se organizarem para fugirem das fazendas.

Poeta banido da literatura


Luiz Gama apesar de ter publicado um único livro de poesias em toda a sua vida é considerado um dos grandes poetas brasileiros que recebeu a influência de escritores como Faustino Xavier de Novaes e Gregório de Matos. No livro “Trovas Burlescas” que pode ser considerado da segunda geração romântica de poetas brasileiros, apesar de sua poesia ser antagônica a dessa geração. Nesse livro é possível constatar um poeta que não se dedicou a descrever a si próprio, mas que tinha uma visão crítica e satírica da sociedade de sua época.

Sua morte se deu em 24 de agosto de 1882, e o que era para ser um simples sepultamento transformou-se, segundo a descrição do escritor Raul Pompéia, em “um ato público que celebrou a importância de Luiz Gama no movimento abolicionista brasileiro”.


A vida de Luiz Gama, um intelectual autodidata, foi quase que integralmente
dedicada à luta pela emancipação do povo negro, o que de imediato já mereceria um reconhecimento público, mas o que a historiografia e a história da literatura burguesa fizeram foi desprezar e ignorar a grande figura do revolucionário abolicionista e poeta, imagem que jamais poderia passar despercebida.

fonte: www.pco.org.br

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