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domingo, 8 de junho de 2008

"Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os seres humanos se libertam em comunhão

O título desta postagem é subtítulo de um dos tópicos do capitulo 1 de A pedagogia do oprimido de Paulo Freire. Esta semana senti muita vontade de rediscutir Paulo Freire, ainda o farei.

Recebi uma mensagem de Jaime Cordeiro, um querido amigo e que também foi meu professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo:


Cara Conceição

Vivemos mesmo em tempos de reação/ascensão conservadora, acho que é difícil para nós aceitarmos isso e aprendermos a lidar com o fato de que pessoas mais jovens do que nós estão à nossa direita. Na nossa época de estudante ou de professor recém-formado costumava ser ao contrário.
O meu desafio, no trabalho com a formação, tem sido o de acrescentar esse dado às inúmeras tarefas que temos de realizar para levar os sujeitos a (se) repensarem em tudo o que fazem.
(...)
Abraços.
Jaime Cordeiro
Antes havia me chamado a atenção a afirmação feita em um artigo do jornalista Luiz Carlos Azenha sobre a necessidade de se discutir a construção de uma imprensa livre e menos corporativa (situação que é uma realidade global).
Em seu texto "
Eu organizo o movimento eu oriento o carnaval" ele diz:

"Este é um dos únicos países do mundo em que os jovens são reacionários e se tornam mais reacionários ainda ao amadurecer."
(L.C. Azenha)
Esta postagem é em homenagem à Ba, a Cissa e ao jovem professor Leo, à resistência do professor Segis Caldo, à luta da professora Marta Diogo, da professora Claudine Cruz, do professor Marcos e a todos professores que não desistiram da idéia de que educação é mais do que um aprendizado de conceitos, de procedimentos, mas é também um espaço de construção de valores democráticos.
Reproduzo as falas dos três jovens que destoam muito do individualismo, consumismo e neoconservadorismo que andam tomando corpo nas mentes e corações da juventude brasileira:

"Aos Professores.

Boa Noite!

Bem, eu dei uma procurada aqui na comunidade sobre as dúvidas que as pessoas têm em relação ao curso, eu imagino que não deve ser a coisa mais legal do mundo ficar tirando dúvidas de pessoas indecisas e coisas do tipo, mas lendo tudo que eu li aqui eu senti uma espécie de "medo". Porque o que acontece é que, mesmo lendo que tudo é muito dificil, tudo é concorrido e quase nada é gratificante, eu não consigo me imaginar fazendo outra coisa que não seja o curso de História.


É sempre chato quando você diz de boca cheia que quer fazer história e as pessoas torcem o nariz pra você e dizem que você não vai ter dinheiro (mesmo que isso obviamente seja relativo) é pior ainda quando seus pais torcem o nariz também.
Foi incrível quando eu cogitei a possibilidade de fazer Direito, tudo mudou, o apoio foi outro. Mas minha vontade mesmo é a de ser professora de história, apesar da dura realidade que vejo.

Eu ainda nem passei no vestibular (...), apesar de ter medo (porque onde eu quero cursar história é bastante concorrido) algumas coisas em relação a carreira ja me cutucam um pouco.
Na maioria das vezes me pergunto por que a profissão de professor não é tão prestigiada assim, sendo que TODO mundo sem exeção depende de um professor pra ser alguém na vida. TODO tipo de profissional freqüentou aulas, e aqueles que não o fizeram, precisam delas. Me arrisco a dizer que a educação é a solução pra boa parte dos problemas da sociedade. Eu mal sei se alguém vai ter a bondade de ler tudo isso.

Mas aí vem a minha dúvida (me desculpem) vale a pena todo o esforço pelo qual vocês passaram? A maioria se sente feliz com o que faz? Por que se sim eu fico muito feliz de saber que muitos adolescentes e crianças provavelmente têm os professores mais legais de todos!"

(Bá, Comunidade Professores de História)

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"Desabafo
No meu primeiro dia de aula numa turma do 3° ano, que até maio deste ano estavam sem professor de Historia, pedi para levantarem as mãos aqueles que pretendiam fazer vestibular este ano. Pois bem, ninguém levantou, alguns, disseram que pretendiam fazer no próximo ano.

Depois dessa aula, pensei comigo mesmo: eu havia dito a mesma coisa em um determinado período de minha vida, e só estou fazendo faculdade, pois minha mãe me ama muito e esta pagando o curso (com a remuneração do estágio irei ajudar), mas, e aqueles garotos? Será que eles terão a mesma sorte que eu tive?

Eu era uma pessoa bastante desmotivada, imatura, alcoólatra, só fazia bobagem.
Pois bem, o curso me transformou, aprendi muitas coisas e descobri que sabia varias outras, na realidade só não sabia como expressá-las.

As classes menos favorecidas restam as porcarias da televisão, a desmotivação, a submissão para sobrevivência.
Aqueles sorrisos, aqueles rostos jovens cheios de energia, um dia podem se tornar sofridos pela exploração e pelo senso comum. São pessoas que têm o potencial de ser felizes, de serem competentes, porém, têm um destino incerto.

Eu já senti a 'desmotivação', não há nada pior, pois não existe ideal, não existe satisfação, não existe vontade, só se sente desmotivação, só o vazio e o amargo, a busca se concentra na acomodação ou nos vícios para fugir da depressão, da tristeza que insiste em bater à porta, para dizer que está faltando algo.

Penso naqueles meninos do 3°, penso nos meus outros alunos, será que conseguiremos mudar a escola de dentro?
De quem é a responsabilidade de nossa atual situação?
(...) Um dia li em algum lugar, que deveríamos tentar responsabilizar a nós mesmos antes de culpar a alguém... tem até um fundo de verdade esta afirmação.
Vou procurar fazer a minha parte...
Como fica nossa constituição e a democracia? Na prática só quem tem direito à democracia é a classe media, isso está certo? Essa é minha primeira escola, andarei precavido, não vou me acostumar com isso, não vou me acostumar com nada, pois isso não é, nem deve ser encarado como uma coisa normal, e se tem algo errado, deve ser consertado...

(Leo, comunidade Profissão, professor)


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Poitiers, França: La révolution n'atend plus que toi, alors bouge-toi!!
[A revolução só tá te esperando, então te mexe.] Março de 2008. Foto de Daniel Caon Alves

"É triste Azenha. Uma frase sua me tocou: "Este é um dos únicos países do mundo em que os jovens são reacionários e se tornam mais reacionários ainda ao amadurecer." Nessas horas penso no meu pai. Diz que lutou contra a ditadura e hoje só pensa em comprar, comprar, comprar. Não gosta de preto, não gosta de nordestino, acha que mora na Europa. O que aconteceu com a cabeça dessa pessoas?"
(Cissa, comentarista do Vi o Mund0)





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