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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dia da Consciência Negra

O mês de novembro é utilizado pelo movimento negro para refletir, tornar público e ampliar as reivindicações de políticas necessárias para o combate ao racismo e a desigualdade racial. É também um mês de celebração das conquistas negras.
A militante negra Nilma Bentes define assim a idéia de consciência negra:


CONSCIÊNCIA NEGRA
TEXTO: Raimunda Nilma de Melo Bentes


" Ter consciência negra, significa compreender que somos diferentes, pois temos mais melanina na pele, cabelo pixaim, lábios carnudos e nariz achatado, mas que essas diferenças não significam inferioridade.


Ter consciência negra, significa que ser negro não significa defeito, significa apenas pertencer a uma raça que não é pior e nem melhor que outra, e sim, igual.


Ter consciência negra, significa compreender que somos discriminados duas vezes: uma, porque somos negros, outra, porque somos pobres, e, quando mulheres, ainda mais uma vez, por sermos mulheres negras, sujeitas a todas as humilhações da sociedade.

(Cartaz institucional da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, homenageia as mulheres negras e o dia da Consciência Negra)

Ter consciência negra, significa compreender que não se trata de passar da posição de explorados a exploradores e sim lutar, junto com os demais oprimidos, para fundar uma sociedade sem explorados nem exploradores. Uma sociedade onde todos tenhamos, na prática, iguais direitos e iguais deveres.


Ter consciência negra, significa sobretudo, sentir a emoção indescritível, que vem do choque, em nosso peito, da tristeza de tanto sofrer, com o desejo férreo de alcançar a igualdade, para que se faça justiça ao nosso Povo, à nossa Raça.


Ter consciência negra, significa compreender que para ter consciência negra não basta ser negro e até se achar bonito, e sim que, além disso, sinta necessidade de lutar contra as discriminações raciais, sociais e sexuais, onde quer que se manifestem. "


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Pioneira, Rio comemora o Dia da Consciência Negra

JB Online

RIO - O Rio de Janeiro foi a primeira cidade a comemorar o feriado de Zumbi dos Palmares, no dia 20 de novembro, em 1995. A iniciativa foi do então vereador e hoje ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. Além da capital fluminense, o Dia da Consciência Negra foi instituído em outras 364 cidades, em 12 estados do Brasil, país que quase metade da população é negra (49,5% segundo Censo do IBGE).

O dia 20 de novembro foi escolhida porque marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, importante foco de resistência da população negra escravizada que lutava por sua liberdade. Zumbi morreu em 1695, aos 40 anos. Após ser denunciado por um companheiro, ele foi capturado por portugueses, teve a cabeça cortada, e seu corpo exibido em praça pública para semear o medo entre os escravos e impedir novas revoltas e fugas.

Mas o efeito foi oposto, despertando a consciência de que era preciso lutar contra a escravidão, como Zumbi ousou fazer. Mas o efeito foi oposto, despertando a consciência de que era preciso lutar contra a escravidão, como Zumbi ousou fazer. Hoje, o líder é considerado um símbolo de resistência.

Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente 30 mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver. Embora tenha nascido livre, Zumbi foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo. Em 1675, o quilombo foi atacado por soldados portugueses. Zumbi ajudou na defesa e destacou-se como um grande guerreiro. Após uma batalha sangrenta, os soldados portugueses foram obrigados a sair do Quilombo. Três anos depois, o governador da província de Pernambuco aproximou-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi colocou-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados. Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo.

Presidente Lula no Rio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa o ferido da Consciência Negra no Rio. Às 18h30, Lula inaugura a Estátua de João Cândido, na Praça 15, no Centro, ao lado do ministro Edson Santos. Também participa do evento Candinho, filho do “Almirante Negro”.

João Cândido liderou a revolta dos marinheiros - negros em sua maioria - contra os castigos físicos a que ainda eram submetidos 22 anos após a Abolição. A Revolta da Chibata de 1910 foi vitoriosa, mas seus líderes foram perseguidos. Cândido foi expulso da Marinha, chegou a ser internado em um hospício e trabalhou até o fim da vida, aos 89 anos, na Praça 15, descarregando peixes de navios. O perdão oficial veio apenas este ano, após sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a projeto de lei que concede anistia póstuma a Cândido e seus companheiros.

A partir das 14h, haverá shows de Nelson Sargento, Noca da Portela, Dona Ivone Lara e Neguinho da Beija Flor na Praça 15. Quem encerra a noite, são os músicos João Bosco e Martinho da Vila, com show marcado para às 19h30.


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