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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A vitória de Obama por PHA e Rodrigo Vianna



Yes, we can !

05/11/2008 08:48

CARO LEITOR, VOCÊ VIVEU A UM DIA HISTÓRICO. AS PESQUISAS ERRARAM: OBAMA GANHOU DE GOLEADA.

SIM, NÓS PODEMOS ! YES, WE CAN !

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 2074

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

. A vitória de Obama é espantosa.

. A vitória de Obama é espantosa. . Foi preciso o neoliberalismo de Ronald Reagan-Margaret Thatcher-Pinochet-Fernando Henrique Cardoso ser enterrado na mesma vala em que se depositou o Muro de Berlim.

. Foi preciso que os Estados Unidos perdessem duas guerras – a do Iraque e a do Afeganistão.

. Foi preciso haver um presidente Bush, o mais impopular dos presidentes americanos, que explorou o medo como expediente eleitoral e construiu a coalizão mais reacionária da recente historia política americana.

. Foi preciso fazer a mais profunda intervenção estatal na economia americana para salvar Wall Street.

. Só assim, numa situação-limite, à beira do precipício, a sociedade americana foi capaz de eleger um negro, de esquerda, Presidente dos Estados Unidos.

. De forma esmagadora.

. Obama ganhou nos Estados Unidos inteiro: ele não é apenas um presidente da costa Leste (Nova York) e da costa Oeste (Califórnia).

. Ele É um presidente de todos os americanos.

. Em Nova York, onde foi a festa?

. No Harlem!

. A mensagem de inclusão política e social de Obama derrotou os Republicanos, e também o Establishment democrata, controlado pelo casal Clinton.

. Obama tem dois modelos à frente dele: Franklin Roosevelt e Jimmy Carter.

. Roosevelt assumiu em 1932, com a economia americana em frangalhos e se tornou um dos maiores presidentes americanos.

. Jimmy Carter sucedeu Richard Nixon, 1000 vezes mais inteligente que George Bush, e, mesmo assim, deposto depois do escândalo de Watergate.

. Carter assumiu como se fosse a vassoura que ia limpar Washington.

. Fez um governo medíocre e se tornou melhor ex-presidente do que Presidente, o que o Fernando Henrique Cardoso nem isso conseguiu ser: melhor fora do que dentro.

. Obama vai mostrar logo cedo se é Roosevelt ou Carter.

. Ao assumir no ponto mais profundo da Crise de 29, Roosevelt fechou os bancos por três dias – para ver quem comprava quem – e lançou um agressivo programa de intervenção estatal na economia, uma espécie de PAC + Bolsa Família, multiplicado por 100 – os “Cem Dias”

. Neste momento em que escrevo, 1H30 da manha, Obama vai ter maioria no Senado.

. Não será como o Presidente Lula, que não tem maioria no Senado, é repudiado pelo PiG, e tem que cortejar esse conjunto de mercadores reunidos no PMDB

. Obama tem o PiG ao lado dele (por enquanto ...).

. Pode, portanto, governar, imprimir a marca na Historia.

. Se tem maioria no Senado, pode mudar a inclinação do Supremo Tribunal Federal.

. Os brasileiros começam a se dar conta de que uma das – se não A mais importante – funções do Presidente da Republica é compor o Supremo.

. Num Supremo que, no momento, é presidido pelo Supremo Presidente, o empresário Gilmar Mendes, que, na verdade, reproduz no Supremo as crenças e os interesses econômicos (leia-se Daniel Dantas) de seus patronos – Fernando Henrique Cardoso e Nelson Jobim -, nesse Supremo, o Presidente Lula, por exemplo, teve a chance histórica de escolher 6 ministros em onze e construiu um dos Supremos mais conservadores da Historia da República.

. É bom lembrar que Carlos Alberto Direito não foi para o Supremo por decisão de Garrastazu Médici e seu Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, mas por Lula e Jobim.

. Obama vai poder refazer a construção conservadora de Bush no Supremo americano.

. No Brasil, só nos resta rezar ...

. Uma palavra final sobre as pesquisas de opinião pública.

. As pesquisas do IBOPE e do Datafolha e a forma como o PiG as analisa são um dos instrumentos do PiG para manipular a opinião publica.

. O simples fato de só haver duas instituições de pesquisa de opinião pública eleitoral - nos Estados Unidos houve mais de 700 !!! nessa campanha - já é uma demonstração da parcialidade do processo – do partido a que as pesquisas servem.

. SÓ, SÓ, SÓ no Brasil se leva pesquisa tão a sério.

. Como SÓ, SÓ, SÓ no Brasil se dá tanta importância à corrida de Fórmula 1 !!!

. É a mesma coisa: como manipular a opinião pública para tomar uma grana.

. As pesquisas e o PiG beneficiam o candidato conservador.

. A F-1 dá uma grana à Globo.

. As pesquisas de opinião pública erraram nos Estados Unidos: não previram a vitória de goleada do Obama.

. Especialmente a vitória ampla e indiscutível, tão cedo, no Colégio Eleitoral.

. Como no primeiro turno de São Paulo: o IBOPE e o Datafolha disseram que a Marta ia ganhar e não ganhou.

. As pesquisas são o que são: um flagrante.

. Duas horas da manhã: OBAMA É O NOVO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS !!!

. Eu Vi!

. Ninguém imaginou que a essa hora, duas horas da manha em Brasília, um negro pudesse ser considerado presidente dos Estados Unidos, tão cedo.

. Eu gostaria de estar no Grant Park, em Chicago, à beiro do lago Michigan onde já corri como pseudo maratonista.

. E re-encontrar Jesse Jackson, em prantos, ele que foi um dos pioneiros dessa batalha dos negros americanos, na geração pós-Martin Luther King Jr.

. E estar ali na multidão e dizer: EU VI!

. Ou entoar aquele canto de inspiração bíblica: Yes! We can!

. Obama não será um Lula.

. Obama não vai se eleger pela esquerda e governar pela direita.

. A proposta de Obama é outra: ele é presidente de TODOS os americanos!

. Hoje, no mundo inteiro, todos votaram em Obama!

. Yes, we can!

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A "FOLHA" ESQUECEU DO OBAMA; VITÓRIA DELE NÃO MUDA O MUNDO!

Rodrigo Vianna do Escrevinhador

quarta-feira, 05 de novembro de 2008 às 22:18

Meu primeiro espanto hoje foi com a "Folha de S. Paulo". Como faço todas as manhãs, caminhei até a garagem de casa e tirei do saco plástico o jornal deixado por ali no final da madrugada.
A vitória de Obama não estava na manchete! A "Folha" esqueceu de atualizar a edição desta quarta-feira?

A edição que segue para Tocantins, Amapá, Minas e até para o Rio não podia trazer a manchete com a vitória, porque é fechada cedo demais, por volta de 21 horas do dia anterior. Mas, eu moro em São Paulo, na zona sul da cidade, a menos de 20 km da redação da "Folha". E a edição que chegou à minha casa não trazia a vitória do Obama na capa. Meu vizinho assina o "Estadão". Fui espiar: ali, a vitória de Obama estava na manchete.

A "Folha" resolveu dormir mais cedo na terça? Será que o exemplar que chegou na casa do Serra também estava desatualizado? Isso vai dar demissão lá na Barão de Limeira...

Mas, meu segundo espanto hoje foi com a comoção geral. Juro que me senti um extra-terrestre. Em casa, na rua, na padaria e no trabalho só se falava de Obama. Com um olhar consternado, uma pessoa muito próxima chegou a me dizer: "eu queria estar em Chicago, ouvir Obama, participar da festa da vitória."
Festa de quem, cara-pálida?

Sinceramente, senti emoção mesmo quando Lula venceu em 2002. Aquilo me tocou, aquilo dizia respeito a mim.
Quanto a Obama, bem... Posso dizer que senti mais emoção com a volta do Corinthians à Série A do que com a vitória dele.
Sou um chato? Um mal-humorado?
Um nacionalista idiota? Talvez...

Deixemos a emoção de lado. E façamos, então, a leitura política dos fatos: a vitória de Obama significa uma virada de página, a derrota definitiva do conservadorismo, do projeto imperial americano, certo?
Não! Claro que não.
Obama derrotou o conservadorismo nas urnas, numericamente. Isso é fato (menos na capa da "Folha").
Mas, a vitória dele não significa que ingressamos numa nova fase.

Não dá pra comparar com a vitória do Exército Vermelho sobre Hitler, por exemplo.
Ou com a sova dos vietnamitas sobre as tropas imperialistas dos Estados Unidos. Muito menos com a queda do Muro de Berlim.

A vitória de Obama é uma vitória parcial. Muito parcial.
Uma vitória liberal. Como a de Carter nos anos 70. A de Clinton nos anos 90.
A diferença é o aspecto simbólico: agora é um negro governando um país racista.
Mas, por baixo do símbolo, há uma virada de página?
Sinceramente, acho que não!

Digo isso baseado nos números.
Vocês deram uma olhada no mapa da votação?
Ok, Obama ganhou na Flórida, no Novo México, no Colorado - territórios republicanos.

Mas, vocês viram qual foi a diferença na Flórida? Menos de 200 mil votos!
E a diferença nacional? Menos de dez milhões de votos!
Eu não li nada disso na capa da "Folha". Mas é fato!

Bush - como se sabe - quebrou os Estados Unidos, horrorizou o mundo, criou a terrível base de Guantánamo, passou por cima da ONU, e é o presidente estadounidense mais desprezado no Mundo nos últimos 50 anos.
McCain, candidato republicano, deveria ter levado uma surra homérica. Deveria ter sido caçado pelo eleitor, feito uma ratazana prenhe - como diria Nelson Rodrigues. No entanto, perdeu por pouco no voto popular.

No Colégio Eleitoral, a vitória de Obama foi esmagadora, isso é fato (menos na capa da "Folha").
Mas, no voto popular, não!
Isso significa o que? Que o conservadorismo republicano está mais vivo que nunca.
Vai se reagrupar.
A direita religiosa, os intervencionistas, os imperialistas, os racistas, a horda de bárbaros que levou Bush ao poder segue firme.
Despreza o que o mundo possa pensar, desconfia dos negros, dos latinos, e vai partir pra cima de Obama assim que se passarem os cem dias tradicionais de trégua no início de governo.

Mas, isso não é o mais grave. Isso é problema deles!

O que interessa a nós é que a máquina de guerra dos Estados Unidos não vai desaparecer.
O Imperialismo assumirá novas faces. Vem aí, de volta, o "soft power".
Clinton visitou o morro da Mangueira, vocês lembram? Obama também deve passar por lá nos próximos anos. Pode dar um pulo até o Haiti, um giro pela África, bater um papo com o Fidel...

Não acredito que a vitória de Obama abra uma nova fase na história mundial.

O Capitalismo não muda porque um negro chegou à presidência dos EUA.
O Capitalismo segue em crise. Os "red necks", que formam a base republicana na América profunda e que votaram de forma esmagadora em McCain, vão perder seus empregos com a crise que seguirá imensa. Mas, não botarão a culpa no legado de Bush. Vão pra cima de Obama, cobrando que ele "Salve a América".

Obama não poderá salvar os Estados Unidos de seus próprios erros...

Ele é apenas um liberal que venceu porque o adversário conservador quebrou o país.
Mas, venceu mesmo? Estou com a "Folha" aqui na mão, e não consigo saber...

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