Israel is lost at sea
Editorial do jornal britânico Financial Times
Com o ato claro de pirataria de ontem, Israel deu um golpe na legitimidade de sua própria luta. A morte de ativistas a bordo dos navios capturados fez a forma como Israel defende sua segurança, que já deveria ter retornado aos limites das leis internacionais, ser jogada no território dos sem-lei.
Israel alega que os ativistas tinham ligações com grupos extremistas e que alguns atacaram soldados israelenses com facas e paus (e de acordo com alguns testemunhos com armas leves). Mesmo se for verdade, isso não justificaria a captura de navios civis carregando ajuda humanitária em águas internacionais, menos ainda o uso de força mortífera.
Ultrajante o comportamento, o verdadeiro ultraje é o bloqueio ilegal de Gaza [mantido por Israel]. Desde a guerra de janeiro de 2009 em Gaza, que expôs a determinação de Israel de destruir as capacidades do Hamas sem considerar os custos para palestinos inocentes, Israel e o Egito se juntaram para evitar a reconstrução do enclave. De acordo com as Nações Unidas, três-quartos da destruição não foram reparados e 60% das casas não tem alimentos suficientes.
O objetivo ostensivo é enfraquecer o Hamas, a vertente da Irmandade Muçulmana que governa Gaza (e cuja encarnação egípcia é a verdadeira oposição a Hosni Mubarak). Mas o bloqueio cujo objetivo é destruir [o Hamas], além de ser punição coletiva ilegal, apenas faz aumentar o apoio ao Hamas. Se Israel e o Egito pretendiam transformar Gaza em um pequeno estado governado pela máfia, teriam feito o que fizeram: acabar com as alternativas à rede de contrabando do Hamas, deixando a população ainda mais à mercê do movimento.
O Hamas engaja em terrorismo e ocasionalmente atira foguetes contra Israel, mas é um exemplo daquela espécie rara no Oriente Médio: um governo popularmente eleito. Também assinou a proposta de paz de 2002 da Liga Árabe e da Organização da Conferência Islâmica. Se for um blefe, é um blefe que Israel deve pagar para ver. É isso o que está em jogo. O governo de Israel tem pretendido que está pronto para negociar a paz, mas que não há ninguém para negociar do outro lado. O ataque aos violadores-do-bloqueio demonstra que o país caiu no desrespeito pela lei internacional, na intolerância com a dissidência e na sabotagem aberta de uma representação viável para os palestinos.
Israel sempre soube da importância de sua conduta ser julgada legal pelos principais poderes do mundo. Esses poderes — que tomam corpo no Quarteto e no Conselho de Segurança das Nações Unidas — devem deixar claro que Israel foi muito além.
Tradução do Viomundo
Israel alega que os ativistas tinham ligações com grupos extremistas e que alguns atacaram soldados israelenses com facas e paus (e de acordo com alguns testemunhos com armas leves). Mesmo se for verdade, isso não justificaria a captura de navios civis carregando ajuda humanitária em águas internacionais, menos ainda o uso de força mortífera.
Ultrajante o comportamento, o verdadeiro ultraje é o bloqueio ilegal de Gaza [mantido por Israel]. Desde a guerra de janeiro de 2009 em Gaza, que expôs a determinação de Israel de destruir as capacidades do Hamas sem considerar os custos para palestinos inocentes, Israel e o Egito se juntaram para evitar a reconstrução do enclave. De acordo com as Nações Unidas, três-quartos da destruição não foram reparados e 60% das casas não tem alimentos suficientes.
O objetivo ostensivo é enfraquecer o Hamas, a vertente da Irmandade Muçulmana que governa Gaza (e cuja encarnação egípcia é a verdadeira oposição a Hosni Mubarak). Mas o bloqueio cujo objetivo é destruir [o Hamas], além de ser punição coletiva ilegal, apenas faz aumentar o apoio ao Hamas. Se Israel e o Egito pretendiam transformar Gaza em um pequeno estado governado pela máfia, teriam feito o que fizeram: acabar com as alternativas à rede de contrabando do Hamas, deixando a população ainda mais à mercê do movimento.
O Hamas engaja em terrorismo e ocasionalmente atira foguetes contra Israel, mas é um exemplo daquela espécie rara no Oriente Médio: um governo popularmente eleito. Também assinou a proposta de paz de 2002 da Liga Árabe e da Organização da Conferência Islâmica. Se for um blefe, é um blefe que Israel deve pagar para ver. É isso o que está em jogo. O governo de Israel tem pretendido que está pronto para negociar a paz, mas que não há ninguém para negociar do outro lado. O ataque aos violadores-do-bloqueio demonstra que o país caiu no desrespeito pela lei internacional, na intolerância com a dissidência e na sabotagem aberta de uma representação viável para os palestinos.
Israel sempre soube da importância de sua conduta ser julgada legal pelos principais poderes do mundo. Esses poderes — que tomam corpo no Quarteto e no Conselho de Segurança das Nações Unidas — devem deixar claro que Israel foi muito além.
Tradução do Viomundo
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