Bem-vindo/a ao blog da coleção de História nota 10 no PNLD-2008 e Prêmio Jabuti 2008.

Bem-vindos, professores!
Este é o nosso espaço para promover o diálogo entre as autoras da coleção HISTÓRIA EM PROJETOS e os professores que apostam no nosso trabalho.
É também um espaço reservado para a expressão dos professores que desejam publicizar suas produções e projetos desenvolvidos em sala de aula.
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Queridos professores, que 2008 seja melhor que 2007



Desejo a todos (se comemorarem o Natal) uma celebração recheada do aconchego familiar, dos amigos e daqueles que desejamos estar e ter por perto.


Desejo também (afinal sou 'brasileira e não desisto nunca') que 2008 seja ao menos melhor que 2007, Que nos arrisquemos às invencionáticas, que ouçamos com atenção 'o sotaque das águas' que possamos respeitar mais as pequenas coisas 'desimportantes'... e, acima de tudo, que tenhamos saúde e energia para enfrentar os desafios e apreciar as boas coisas 'desimportantes' que ocorrerem a nós.





A todos os professores seguem nossa homenagem, surrupiada de Manoel de Barros:



O Apanhador de Desperdício

(Manoel de Barros)


Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não uso das palavras
Fatigadas de informar.
Dou mais respeito
Às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou importância às coisas desimportantes
E aos seres desimportantes
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais do que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios
(...)
Queria que minha voz tivesse formato de canto
Porque não sou da informática
Eu sou da invencionática.
Só uso minhas palavras para compor meus silêncios.


*************

Um grande


Conceição Oliveira

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Centro Educacional Brandão adota História em Projetos

Biblioteca do Centro Educacional Brandão, Moema, SP-SP.

Ontem, tivemos o prazer de nos reunir com a coordenação e os professores do CEB- Comecinho de Vida.

Na aconchegante biblioteca conhecemos o projeto pedagógico da área de história no Ensino Fundamental e apresentamos a proposta pedagógica de nossa coleção.

Estamos muitos felizes com essa parceria, pois temos certeza que a História em Projetos frutificará nas mãos do professor Juliano.

domingo, 16 de dezembro de 2007

17 horas de trabalho por casa e comida

No volume de 7a série/ 8º ano, Capítulo 17, 'No Brasil dos românticos, quais eram os espaços reservados aos trabalhadores?', na seção Ponto de Partida, p. 231, reproduzimos um documento (matéria do The New York Times de 2/12/2004) sobre a escravidão contemporânea.
A matéria foca a longa duração da escravização dos trabalhadores seja eles nacionais escravizados nas fazendas brasileiras como também a os imigrantes bolivianos superexplorados nas confecções paulistanas do Bom Retiro, Brás e Pari, vivendo em condições subumanas.






Cerca de 500 pessoas se reuniram na praça da Sé, em São Paulo, para comemorar o Dia Internacional do Imigrante; vários países foram representados e muitas reivindicações foram feitas. Foto de: Raimundo Pacco/Folha Imagem.




A reportagem reproduzida a seguir, extraída do Jornal A Folha de São Paulo, mostra que após três anos há continuidade da superexploração dos imigrantes bolivianos nas confecções paulistanas, assim como permanecem as dificuldades para controlar essa situação, especialmente porque são imigrantes explorando outros imigrantes.
Vale a promoção de um debate: Que ações precisam ser tomadas para que essa situação degradante possa ter fim?








Jovem boliviano faz curso de corte e costura em La Paz, onde os imigrantes se preparam para trabalhar no Brasil. Foto de: Antônio Gaudério/Folha Imagem.



Repórter-fotográfico trabalha com bolivianos e revela exploração de mão-de-obra clandestina em SP
O repórter-fotográfico Antônio Gaudério, 49, foi à Bolívia munido de celular com câmera para descobrir como funciona o tráfico de mão-de-obra ilegal que alimenta a cadeia têxtil em São Paulo. Como um dos milhares de bolivianos que buscam emprego no Brasil para fugir da miséria em seu país, trabalhou no Brás (SP) até 17 horas por dia produzindo peças de roupas que abastecem grandes lojas do comércio brasileiro. Os bolivianos trabalham em troca de comida e moradia ou, no máximo, alguns centavos por hora.
Até 1.500 bolivianos chegam por mês

Com salários baixos e jornadas de até 17 horas diárias, mão-de-obra irregular abastece confecções paulistas.
Para fiscais, condições de trabalho são degradantes; lojas se comprometem a romper com fornecedores que não respeitam a lei.
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre 1.200 e 1.500 bolivianos chegam por mês ao Brasil em busca de emprego. A maior parte encontra trabalho em pequenas confecções e oficinas clandestinas de costura já identificadas em 18 bairros e cidades da Grande São Paulo, como Bom Retiro, Pari, Brás e Itaquera, e ao menos em oito municípios do interior paulista.
Fiscalizações feitas pela DRT (Delegacia Regional do Trabalho) de São Paulo e pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) encontraram indícios de que a mão-de-obra irregular desses migrantes é utilizada por confecções que são -ou foram- fornecedoras de grandes redes de varejo do país.
Nos últimos dois anos, uma CPI da Câmara Municipal de São Paulo convocou representantes das lojas Marisa, Riachuelo, Renner e C&A para prestar esclarecimentos depois que etiquetas de suas marcas foram encontradas em oficinas irregulares da capital.
As quatro redes já firmaram compromisso com o MPT nos últimos quatro meses, além de desenvolverem programas para fiscalizar fornecedores e não comprar de confecções que empregam mão-de-obra estrangeira irregular.
As lojas informam ainda que realizam auditorias periódicas e exigem o cumprimento da lei trabalhista e respeito à dignidade humana.Procuradores do Trabalho investigam 147 processos abertos para apurar denúncias envolvendo a exploração dos bolivianos em confecções paulistas -84 já viraram TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) nos últimos dois anos.
Neles, os empregadores se comprometeram a não contratar mais estrangeiros em situação irregular e a não submetê-los a condições degradantes de trabalho, como jornadas excessivas em locais que oferecem risco à saúde e à segurança.
"Os bolivianos fazem jornadas muito acima da lei [permite até dez horas diárias], ganham centavos por peça produzida e moram no local de trabalho. São vários adultos e crianças alojados em um mesmo cômodo, muitas vezes sem ventilação, com fiação aparente oferecendo riscos", afirma a procuradora Vera Lúcia Carlos.
Pelo artigo 149 do Código Penal, é crime reduzir uma pessoa à condição análoga à de escravo. "Se ficar provado que o trabalhador é submetido a jornadas exaustivas, ou a condições degradantes, ou que seu direito de ir e vir está sendo privado porque ele tem uma dívida com o empregador, está caracterizado o crime. Não é necessário que ele esteja acorrentado para provar essa condição", diz Marcos Fava, juiz do Trabalho. A pena prevista é de dois a oito anos de cadeia, além de multa.
Obstáculos
Para dificultar a fiscalização, as oficinas funcionam em casas ou falsos estabelecimentos comerciais. Em Americana, o sindicato das costureiras da região identificou uma confecção, montada em um área que pertencia a uma igreja, com cerca de 30 bolivianos irregulares.
"A placa da igreja continua no local para disfarçar a oficina. Já acionamos os fiscais", afirma Carmelita Alves Braga, presidente do sindicato.
Na Barra Funda, blitz acompanhada pela Folha há três meses flagrou uma casa em que trabalham duas famílias bolivianas, a maior parte, irregular. Na fachada, há duas placas: de um médico e de um advogado.
Paulo Jesus de Souza Filho, delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), diz que a divisão recebe em média duas denúncias por mês de exploração de estrangeiros irregulares no Brasil -geralmente vizinhos incomodados com o barulho das máquinas de costura.No Centro de Apoio ao Migrante (do Serviço da Pastoral dos Migrantes, ligado à CNBB), são 15 a 20 denúncias por mês."Donos de oficinas e de confecções já foram presos após ter sido feito o flagrante. Como o crime é inafiançável, alguns já chegaram a ficar presos por duas semanas enquanto aguardavam o pedido de liberdade provisória. Depois, a maior parte responde ao processo em liberdade", diz o delegado.
Considerados os últimos oito anos, não chega a cem o número de inquéritos encaminhados pela Polícia Civil para combater o trabalho análogo à escravidão, segundo a Folha apurou.
Ação conjunta
Na zona norte de São Paulo, policiais encontraram uma adolescente e dois bolivianos que eram trancados na oficina. Há casos em que patrões apreendem documentos para evitar que fujam e outros em que os estrangeiros pagam o prato de comida com trabalho. Casos como esses podem ser denunciados pelo telefone 181.
Para Márcia Ruiz, delegada e representante do comitê paulista de combate ao tráfico de seres humanos, a ação não deve ser apenas policial. "É uma questão social complexa, porque os bolivianos irregulares não querem retornar porque dizem que aqui não passam fome. É preciso conscientizar os que estão sendo explorados e que todas as entidades envolvidas ajam de forma conjunta."
Antes explorados por patrões sul-coreanos, os bolivianos agora são subordinados a compatriotas que conseguiram se regularizar e montar oficinas. "Eles não se consideram vítimas de exploração", diz José Marcio Lemos, da Delegacia de Imigração da PF em São Paulo.
A situação dos bolivianos só não é pior, avalia Paulo Illes, coordenador do Centro de Apoio ao Migrante, porque 20 mil bolivianos (42 mil, segundo o Ministério da Justiça) conseguiram pedir a regularização de sua situação por meio de acordo entre Brasil e Bolívia.
"Mas a cobrança de taxas elevadas e a multa de até R$ 828 para quem está sem visto dificulta o processo." Estima-se que 160 mil bolivianos vivam no Estado de São Paulo, sendo 100 mil irregulares.
"É um problema da globalização econômica. A desigualdade regional faz com que as pessoas migrem em busca de uma situação melhor", diz Sérgio Suiama, procurador do Ministério Público Federal de São Paulo. "É preciso discutir políticas migratórias, rever o estatuto dos estrangeiros e garantir a esses trabalhadores direitos fundamentais básicos, como o direito ao trabalho."
Ouça o podcast de Antônio Gaudério na Folha Online

EXPLORAÇÃO

Pará é o Estado que mais utiliza trabalho escravo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Trabalho divulgou ontem a lista de empresas e empregadores autuados por suposta exploração de mão-de-obra escrava. Com a inclusão de 15 nomes, sendo que 2 deles estão com liminar na justiça, a relação passa a ter 189 nomes.
Os empregadores na listagem ficam impedidos de obter empréstimos em bancos oficiais do governo e também não podem ter acesso a recursos de fundos públicos. A exclusão da lista depende do monitoramento por um período de dois anos.
O auditor fiscal do trabalho, Cláudio Secchin, diz que a pecuária e agricultura são os setores que mais empregam esse tipo de mão-de-obra. O Pará tem o maior índice de trabalhadores em condições de escravidão. Depois, aparece Mato Grosso. A lista pode ser conferida em www.mte.gov.br Pará é o Estado que mais utiliza trabalho escravo.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

IDH no Brasil aumenta, mas o de negros é apenas médio, diz Paixão

Links correlacionados:
educação para igualdade étnico-racial
fontes para implementação da 10639/03

Consulte também o diretório Biblioteca do Professor; pasta Educação para a Igualdade racial na Biblioteca Virtual da História em Projetos

No volume de 8a série/ 9º ano Unidade 5;
Capítulo 20: "Os jovens brasileiros e sua participação na consolidação da democracia no século XXI", p. 265, discutimos a situação social do país a partir de um mapa da Exclusão social do Brasil de 2004 de acordo com o IDH.

A Afropress noticia em primeira mão (8/12/2007) dados do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008 que informam que, apesar do IDH Brasil ter aumentado o IDH, da população negra é apenas mediano.




Professor Marcelo Paixão analisando os gráficos do IDH 2007/2008.

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Leia a matéria a seguir reproduzida na íntegra e problematize com seus alunos os novos dados do IDH da população brasileira, discutindo aspectos da desigualdade econômica e desigualdade étnico-racial.

IDH Brasil é alto, mas o de negros é apenas médio, diz Paixão

Rio - Embora o governo tenha comemorado o fato de o Brasil ter entrado para o grupo de países com alto desenvolvimento humano (IDH), a população negra brasileira não saiu da situação de desvantagem histórica. Apesar da melhora em alguns indicadores como, por exemplo, os educacionais, o IDH branco é elevado e o dos negros continua sendo apenas médio.

Em alguns casos, como no rendimento domiciliar per capita, a desvantagem, inclusive, aumentou: passou de 15,7% para 17,8% favoravelmente aos brancos, no período de 10 anos – de 1.995 a 2005.

As conclusões são do professor Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e constarão do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008, a ser divulgado, e foram adiantadas com exclusividade para a Afropress. “Comparando com os indicadores analisados no ano 2000, no qual o hiato em termos de posições era de 60 posições, podemos considerar que ocorreu uma redução de 16 posições, o que é um fato positivo, especialmente por vir se dando dentro de um contexto de debate sobre o tema das ações afirmativas e de políticas de promoção da igualdade racial. Todavia, as distâncias nos respectivos IDHs permanecem pronunciadas”, ressaltou.

O IDH é um ranking do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e é utilizado para medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula) longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita). Seus valores variam de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Países com IDH até 0,499 são considerados de desenvolvimento humano baixo; com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de desenvolvimento humano médio; e com índices maiores que 0,800 são considerados de desenvolvimento humano alto.

Pela primeira vez, o Brasil entrou para o grupo de países de "alto desenvolvimento humano", atingindo IDH de 0,800.

Silenciamento
Segundo Paixão, que é economista e coordena o Observatório Afro-Brasileiro, no contexto anterior de silenciamento absoluto sobre o tema, os indicadores das assimetrias raciais brasileiras raramente apresentavam reduções relativas. Entre 1995 e 2005, o IDH dos brancos brasileiros avançou 6,2% (de 0,798 para 0,847) ao passo que dos negros avançou 10,6% (de 0,691 para 0,764).

Assim, em 2005, o IDH branco o situaria na 47ª posição (melhor que o Brasil como um todo em 23 posições), entre a Croácia e a Costa Rica, ao passo que o IDH negro se situaria na 92ª posição, entre a Tunísia e as Ilhas Fidji (pior que o Brasil em 22 posições). “Como se pode constatar, o IDH branco é elevado, ao passo que o negro é apenas médio. Lido por outro ângulo, o IDH dos negros, em 2005, era inferior ao IDH dos brancos dez anos antes”, acrescenta.

O professor da UFRJ explica que aconteceu uma redução das assimetrias (diferenças) em termos de esperança de vida ao nascer cujas diferenças relativas se reduziram de 8,6% favoravelmente aos brancos em, 1.995, para 4,5%, em 2.005. Também em relação aos dados educacionais (analfabetismo e taxa bruta de escolaridade), as distâncias também se reduziram no período. “A taxa de alfabetização dos brancos acima de 15 anos de idade passou de 90%, em 1.995, para 93%, em 2.005. Já entre os negros a taxa de alfabetização de adultos passou de 76%, em 1.995, para 85%, em 2.005. A taxa bruta de escolaridade dos brancos entre 1.995 e 2.005 passou de 78% para 91%, e dos negros, no mesmo período de 68% para 84%.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Lançamentos! Fontes para os professores comprometidos com a implementação da 10639/03

Links correlacionados:
educação para igualdade étnico-racial
fontes para implementação da 10639/03
miss minas terrestres


Consulte também o diretório Biblioteca do Professor; pasta Educação para a Igualdade racial na Biblioteca Virtual da História em Projetos

A criação do mundo ( por Ana Luísa Vieira)

Aprisionada por caçadores de escravos na África, Adetutu é jogada no porão de um navio negreiro rumo ao Brasil. Preocupa-se com o destino, mas resolve fazer jus ao próprio nome, que significa A-Coroa-Paciente ou A-Princesa-Sabe-Esperar. Durante o caminho, tem um longo sonho com a criação da terra e dos humanos por seus deuses, chamados de orixás.

São esses episódios sonhados a base de Contos e Lendas Afro-Brasileiros – A Criação do Mundo (Companhia das Letras, 224 págs., R$ 28). Escrito pelo sociólogo Reginaldo Prandi, com ilustrações de Joana Lira, o livro é voltado ao público jovem e traz a história do candomblé, com personagens como Olorum, o Ser Supremo.

Ao final do livro, pequenos capítulos detalham os emblemas e as personalidades de cada orixá.
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Editora da Universidade Federal da Bahia lança livro
que não se encontrava no país há muito, muito tempo!

Frantz Fanon - Pele Negra, Máscaras Brancas
- de leitura obrigatória!


10 de abril, às 18h - Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO / UFBA
Praça Inocêncio Galvão, s/n, Largo Dois de Julho

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A História em Projetos trabalha com a história do continente africano e investe na recuperação da história dos afro-descendentes no contexto da Diáspora e na representação dos negros como sujeitos da história.

Ao longo de todos os volumes de nossa coleção, os professores encontram uma abordagem diferenciada sobre a história e culturas africanas e afro-brasileira.

Nosso compromisso com a Lei 10.639/03 reflete-se na linguagem e representações dos afro-brasileiros e da África sem estereótipos, estimulando o desenvolvimento de uma visão de respeito às diferenças entre todas as crianças.

Por isso, o blog da História em Projetos apoia o lançamento do livro História e Cultura Afro-Brasileira de Regiane Augusto de Mattos, publicado pela Contexto.

Pensado e elaborado de forma didática, esse livro ajuda a preencher uma grande lacuna na formação docente, contribuindo para a implementação da 10639/03.
O livro mostra que, apesar dos obstáculos impostos pela escravidão no Brasil, os africanos e seus descendentes encontraram meios de organização e manifestação de suas culturas, o que influenciou profundamente a sociedade brasileira.
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Ensino de cultura afro-brasileira é prejudicado pela falta de professores (Agência USP de Notícias - 07/12/2007 16:50

Renato Sanchez
renato.sanchez@usp.br

Faltam materiais didáticos e professores preparados para o ensino de história e cultura afro-brasileiras nas escolas de todo o País. A afirmação é da professora Regiane Augusto de Mattos, mestre em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Ela lembra que desde 2003, a lei federal nº 10.639 tornou obrigatório o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio.

Para Regiane, a nova legislação representa um avanço no reconhecimento da cultura africana como uma das principais matrizes da cultura brasileira. Ela aponta, no entanto, algumas dificuldades para que a lei seja implementada de fato nas escolas. A principal delas é a questão da formação dos professores já que o tema é pouco abordado mesmo nas faculdades de história. “Para se ter uma idéia, a disciplina de História da África só foi introduzida no currículo da FFLCH em 1997. Imagine quantos professores se formaram sem nunca ter estudado o tema”, avalia.

Quase cinco anos depois da aprovação da lei, Regiane publicou o livro História e Cultura Afro-brasileira (Editora Contexto, 224 páginas, R$29,00). Ela afirma que a idéia é suprir a carência por material didático. O livro aborda em três capítulos temas relacionados aos conteúdos exigidos pela nova legislação: a História da África antes do século XV; a África depois da chegada dos europeus; e a influência na cultura brasileira.

Os críticos da obrigatoriedade afirmam que ela inclui a historiografia africana mas exclui a dos árabes, judeus, asiáticos etc. Regiane discorda: “A cultura brasileira vem de três matrizes principais: a africana, a européia e a indígena. Seria desejável incluir também a história indígena no currículo para que as crianças entendam como se originou a cultura com a qual elas hoje se identificam”.

Prova de que há uma deficiência no ensino do tema, são as noções equivocadas do senso-comum sobre a África e sua cultura. Um dos enganos mais comuns, afirma a pesquisadora, é pensar o continente como uma coisa única e homogênea. “Há muita diversidade de organização política, cultos religiosos e etnias e é importante ter em mente essa diversidade para entender a influência dessa diversidade na formação da cultura brasileira”, afirma.

Para exemplificar, ela usa a questão religiosa. “Quando se fala na religião dos escravos no Brasil, pensamos exclusivamente no candomblé. Mas haviam também os islamizados. Inclusive houve, em 1853, uma revolta no nordeste do Brasil liderada por escravos de religião islâmica, a chamada Revolta dos Malês”, conta a professora. Ela critica também a associação automática que se costuma fazer entre os termos africano e escravo: “Havia sociedades que participavam do comércio de escravos capturando pessoas de sociedades inimigas e comercializando. Além disso eram economicamente relevantes o comércio de ouro e do marfim extraído das presas de elefantes”, afirma Regiane.

Outro ponto interessante, e comumente ignorado, é a tradição oral existente na maioria dos povos africanos. “Havia algumas sociedades que apresentavam formas de escrita mas, em geral, a transmissão de conhecimento era feita oralmente”, conta. “Além disso, os idosos tinham um papel muito importante, participavam de conselhos de anciãos e gozavam de muito respeitos entre os outros integrantes dessas sociedades ”, finaliza.

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Lançamento do Cadernos Negros

A comunidade Amigos dos Cadernos Negros e o Quilombhoje - Literatura convidam você, familiares e amigos para a festa de lançamento do livro CADERNOS NEGROS volume 30 - CONTOS

Dia 14/12/2007 (sexta-feira) às 19hs

No SESC PAULISTA (auditório)

Av. Paulista, 119 (Metrô Brigadeiro)

Entrada Franca

PROGRAMAÇÃO

- Sensibilização sobre Auto-Estima com a Psicóloga Maria Célia Malaquias

- Comentários sobre o livro: Escritora Elizandra Souza

- Performance: Akins Kinte e MC Rafão (Casa de Cultura de Santo André)

- Apresentação Artística: Cia. Koteban (Balé Afro e Percussão)

Cadernos Negros volume 30 - contos: Você precisa ler

É com muito orgulho pelo caminho já trilhado e desejosos de prosseguirmos sempre adiante nessa longa estrada de lutas que convidamos você, seus familiares e amigos para celebrar conosco a concretização de mais um projeto, herdeiros que somos do legado de nossos ancestrais, que resistiram em nome de um sonho: a liberdade.

Hoje nosso confronto se dá em vários campos: discriminação, invisibilidade, ausência de cidadania. Por isso estamos aqui, há 30 anos mostrando nossa cara e dando nossa cara a uma tradição que durante tanto tempo nos foi negada: a literária.

Os Cadernos surgiram em meio à efervescência do movimento negro, em 1978. Desde então vêm perpassando gerações, acionando em seus leitores a consciência de que, sim, podemos e devemos ocupar nosso espaço nesta sociedade e país que foram construídos à base de muito suor de nossos antepassados.

Embora com três décadas de vida, os Cadernos ainda enfrentam as dificuldades financeiras e culturais de sempre. O livro sai porque é feito na raça. A leitura ainda é pouco habitual entre a população, que, quando lê, opta pelo que o grande mercado oferece. Algumas luzes se acendem para se apagar em seguida.

Mas a série Cadernos Negros já conquistou um público que a acompanha, além de merecer atenção em alguns centros acadêmicos.

O lançamento do volume 30 de Cadernos Negros é mais do que uma festa, é um rito de passagem, a superação de mais uma fase e a preparação para outras que virão. Portanto, precisamos estar todos juntos, lá, nos encontrando, lendo, conversando e comentando sobre nossos contos. Enfim, sendo o que somos: povo brasileiro.

E temos sede de literatura afro!

Cadernos Negros volume 30 - contos: você precisa ler!

AUTORES: Ademiro Alves (Sacolinha), Luiz Carlos de Oliveira,Allan da Rosa, Márcio Barbosa, Conceição Evaristo, Mel Adún, Cristiane Sobral, Michel da Silva, Cuti, Miriam Alves, Décio Vieira, Oubi Inaê Kibuko, Edson Robson, Raquel de Almeida, Elizandra, Rosário Ngunza, Esmeralda Ribeiro, Ruimar Batista da Costa, Helton Fesan, Sergio Silva, Henrique Cunha, Sidney de Paula, Lande Onawale, Zula Gibi.

APOIO

SESC - Paulista * Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo * Cone - Coordenadoria dos Assuntos da População Negra (PMSP) * Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) * Fundação Cultural Palmares * comunidades orkutianas: Amigos dos Cadernos Negros, Gostando Mais de Nós Mesmos e Sessão Pipoca Preta Convida * Cabeças Falantes Online * T2P - Tela Preta Produções.

REALIZAÇÃO: Quilombhoje

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BOLETIM AÇÃO EDUCATIVA (São Paulo, terça, 11 de dezembro de 2007)

Lançado o livro Igualdade das Relações Étnico-Raciais na Escola

O estudo acompanhou a implementação da lei 10.639 em quinze escolas de três capitais brasileiras: Belo Horizonte, Salvador e São Paulo.

Após o mês da Consciência Negra, o debate sobre a temática racial continua na Ação Educativa. No dia 7 de dezembro, o programa Pesquisa e Ação Política, promoveu o lançamento do livro Igualdade das Relações Étnico-Raciais na Escola: Possibilidades e Desafios para a Implementação da Lei 10.639/2003.

O livro é resultado de um estudo promovido pela Ação Educativa, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade - Ceert e Ceafro. O estudo acompanhou a implementação da lei 10.639 em quinze escolas de três capitais brasileiras: Belo Horizonte, Salvador e São Paulo. A lei, de janeiro de 2003, tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares.

A pesquisa envolveu entrevistas e dinâmicas com pais, professores, alunos e funcionários. "A intenção foi tentar refletir a percepção de cada grupo sobre as relações raciais dentro da escola e saber o entendimento que tinham sobre a história e a cultura africana e afro-brasileira", explica Tânia Portella, assessora do programa Pesquisa em Políticas Educacionais da Ação Educativa. Segundo ela, a escolha das escolas se deu de forma a contemplar diferentes realidades e públicos em cada uma das capitais.

O evento do dia 7 teve início às 14h30 no auditório da Ação Educativa onde os responsáveis pela pesquisa nos três estados apresentaram os resultados da consulta. A partir das 18h ocorre o coquetel de lançamento, com quitutes africanos e apresentações culturais como contação de histórias e show de kalimba, instrumento típico africano.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Um concurso que merece reflexão: Miss landmine

Links correlacionados:
miss minas terrestres
educação para igualdade étnico-racial
fontes para implementação da 10639/03

Consulte também o diretório Biblioteca do Professor; pasta Educação para a Igualdade racial na Biblioteca Virtual da História em Projetos


Na coleção História em Projetos, Capítulo 10, Unidade 3 do volume de 8ª série/ 9º ano intitulado "A luta pela independência: O que significou o processo de descolonização da Ásia e da África?", p. 133-146, abordamos algumas heranças do neocolonialismo e fazemos referências a problemas que as populações locais desses continentes têm de enfrentar: minas terrestres; a contaminação do agente laranja responsável pelo nascimento de crianças com deficiências físicas entre outros.

O texto seguinte faz referência a um concurso de beleza entre mulheres sobreviventes de acidentes com minas terrestres em Angola, 2008. Vale a pena ler as problematizações da autora sobre o concurso e ampliar as discussões que o referido capítulo propõe sobre o cotidiano das pessoas em territórios tão devastados pelas guerras pós-descolonização.

Todos de fato têm direito à beleza, mas um concurso que estabelece como prêmio uma prótese para as sobreviventes das minas e que expõem as candidatas não corre o risco de tornar a tragédia algo pitoresco? Será que ele de fato aceita o que prega? Uma prótese é capaz de resolver os problemas gerados pela violência da guerra? Como lidarmos com a deficiência provocada pela guerra à população civil? Enfim, propor aos nossos alunos uma reflexão sobre essas questões, apoiadas no conhecimento histórico, parece-se nos salutar para não banalizar essa questão.


"Se bem que consiga entender que este concurso possa ser uma forma de sensibilização para o que o manifesto do referido site refere: entre outros, a consciencialização local e global sobre as minas terrestres, um desafio aos complexos de inferioridade e culpa, o questionar o que é um corpo perfeito, a substituição do termo "vítima" pelo de "sobrevivente", ou uma forma de "empowerment" e renovação do orgulho feminino, não pude deixar de sentir esta estratégia como uma agressão - um soco no estômago.

Como prémio, a candidata ganhadora terá uma prótese "norueguesa"!" Texto citado, extraído do blog O Moringue.