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domingo, 14 de setembro de 2008

Entrrevista com Victor Cuba, Cônsul-geral da Bolívia em Mato Grosso

Cônsul: interesses privados financiam protestos

Raphael Prado

Cônsul-geral da Bolívia em Mato Grosso - estado que faz fronteira com o departamento de Santa Cruz de La Sierra, Victor Cuba fala com exclusividade a Terra Magazine sobre a tensão vivida pelo país vizinho. Para ele, há setores descontentes com a vitória do presidente Evo Morales nas urnas, que "financiam" os protestos contra a nova proposta de Constituição:

- Há interesses. A nova Constituição não muda muitas coisas, mas toca em um problema básico: a questão das terras. E não é o pobre que tem a terra na Bolívia - afirma.

Victor Cuba se diz tranqüilo quanto à instabilidade em seu país, porque alega já ter visto outros momentos críticos na história boliviana. O cônsul-geral imagina que os problemas são passageiros mas fala sobre as dificuldades de se elaborar uma nova Constituição para o país:

- ...a ordem geral não é aceita por todos. Cada um tem um modelo de Constituição apropriado a seus interesses. A Bolívia é diversa em suas culturas, então deveria haver muitas Constituições para as muitas formas de pensar que têm os bolivianos.

Acusado de apoiar as manifestações que agravam a violência na Bolívia, o embaixador dos Estados Unidos no país, Philip Goldberg, foi expulso pelo presidente Evo Morales na quarta-feira, 10. O Departamento de Estado norte-americano classificou a atitude como "erro grave" e as acusações contra o diplomata de "infundadas".

Também na quarta-feira, a explosão de um gasoduto prejudicou o fornecimento de gás boliviano para o Brasil. Nesta quinta, 11, outro incidente, segundo o consórcio operador do gasoduto, provoca a redução de pelo menos metade desse fornecimento.

Os manifestantes de oposição bolivianos querem que o presidente Evo Morales volte atrás na decisão de suspender o repasse de impostos sobre os hidrocarbonetos que era feito aos departamentos. O presidente alega que o dinheiro está sendo usado para financiar a aposentadoria no país.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista com o cônsul-geral da Bolívia no Mato Grosso:

Terra Magazine - Como tem refletido, na fronteira, essa situação política da Bolívia?
Victor Cuba - As grandes transformações de um país, que muda de um sistema que tem muitos anos de funcionamento, com novas normas, novos modos de focar a realidade, contraem situações como as que estamos vendo na Bolívia. Uma nova Constituição, que será decidida em referendo e tem que ser para a ordem geral não é aceita por todos. Cada um tem um modelo de Constituição apropriado a seus interesses. A Bolívia é diversa em suas culturas, então deveria haver muitas Constituições para as muitas formas de pensar que têm os bolivianos.

E na fronteira a situação é tranqüila?
Já dizia um ex-presidente que "na Bolívia se passa tudo e não se passa nada". São problemas internos e nitidamente há interesses que estão financiando as desordens. Porque quando se compra fogos de artifício, por exemplo, alguém está financiando isso. O povo boliviano é mais interessado pelo seu progresso, seus trabalhos diários.

E quem estaria financiando isso?
Não atacaríamos diretamente quem está financiando. Mas há interesses. A nova Constituição não muda muitas coisas, mas toca em um problema básico: a questão das terras. E não é o pobre que tem a terra na Bolívia.

O senhor enxerga alguma tentativa de não-aceitação da vitória do presidente Evo Morales? Esse tipo de manifestação vem de parte das pessoas que não aceitam essa vitória?
Isso, isso. A eleição foi legítima, com maioria da população. Porque o problema não é a nova Constituição, não é a distribuição das riquezas. O problema é de propriedade de terras. A Bolívia é um país pobre, com muitas riquezas e muito patrimônio. Faz parte dessa gente (que não aceita a vitória) uma porcentagem que não aceita a nova Constituição. E não porque não lhes convém, porque não lhes interessa mexer nas entidades privadas, no patrimônio.

Há risco de agravamento da situação boliviana?
Eu estou muito atento aos acontecimentos, mas reitero esse pensamento: em Bolívia passa tudo, mas não passa nada. Eu tenho 52 anos de vida e já passei por momentos em que estávamos ao ponto de guerra civil, mas em um instante acaba tudo. A Bolívia é um povo muito diverso, o Oriente não pensa como o Ocidente, e vice-versa. Então é muito difícil se implementar leis.

Terra Magazine

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